A crise económica em Angola está a empurrar muitos investidores portugueses para são Tomé e Príncipe, admitem empresários e dirigentes políticos no pequeno país.
"Sinto que há mais procura de investimentos de portugueses a procurar São Tomé, um bocadinho por causa da situação complicada que se passa em Angola", explica Ricardo Costa, de 29 anos, empresário radicado há muitos anos no país.
No entanto, os que pensam que São Tomé e Príncipe é uma "boa alternativa" a Angola estão "enganados", avisa o empresário, com negócios no comércio de automóveis e em materiais de construção.
"Um investimento em São Tomé é para uma pessoa que queira viver em São Tomé. O negócio tem de ser completamente controlado pelo próprio" investidor, explica.
"A falta de mercado" é a grande razão para as diferenças. "O país é tão pequeno", pelo que é necessário ser o próprio investidor a estar presente "para tentar baixar os custos da infraestrutura".
"É o investimento de uma vida", diz.
António Cristóvão, administrador da Intermar, veio de Alpiarça, no centro de Portugal, para São Tomé há 19 anos à procura de um país onde investir.
"Decidimos experimentar São Tomé" e, quase uma dezena de anos depois, a empresa que gere é um dos principais importadores de produtos de Portugal, na área da restauração e nos bens de consumo corrente.
"Somos retalhistas, trabalhamos produto de primeira qualidade", mas depois "abastecemos os hotéis e os restaurantes", desde "o sal, à farinha, ao açúcar".
"Desde que [a economia em] Angola afrouxou, há mais procura por outros mercados", entre os quais São Tomé e Príncipe.
Os "portugueses que investiam em Angola e estão a procurar outros mercados", mas as "pessoas vêm com outras expetativas" e "isto é um mercado muito pequeno" para investimentos de retorno rápido, avisa.
Para o primeiro-ministro são-tomense, Patrice Trovoada, o investimento português é bem-vindo, mesmo que seja aproveitando a crise noutros países.
"Lamentamos a situação de crise que afeta os nossos irmãos", mas a "nossa opção é a diversificação da economia" porque uma "economia mais diversificada resiste melhor aos choques externos", afirmou o chefe de governo.
Por isso, "acolhemos com muito agrado", "pequenas empresas e os pequenos negócios", com o "pequeno empresário e a empresa familiar" que investem no país.
Para Patrice Trovoada, o pequeno investimento é "aquela estrutura que permite melhor transferência de 'know-how'" para a população.
Lusa/Conosaba
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