segunda-feira, 28 de julho de 2025

Liga Guineense Direitos Humanos denuncia detenções arbitrárias e clima de repressão


A Liga Guineense dos Direitos Humanos denunciou esta segunda-feira "perseguições sistemáticas, detenções arbitrárias" e um clima "de repressão" na Guiné-Bissau, referindo a morte de um segurança da Presidência e a detenção "ilegal" do seu irmão e de outros oito cidadãos.

Em conferência de imprensa, o presidente da Liga, Bubacar Turé, disse que a organização recebeu "com profunda dor e consternação a confirmação, por parte da família de Mamadu Tanu Bari, agente de segurança afeto à Presidência da República, de que o corpo encontrado no passado dia 23 de julho de 2025, em João Landim, corresponde, tragicamente, ao seu ente querido".

O corpo do militar foi encontrado na semana passada por pescadores na localidade de João Landim, banhada pelo Rio Mansoa, e identificado, através de fotografia, pelo irmão mais velho, disse o presidente da Liga.

A Liga lembra que um outro irmão de Tanu Bari, de nome Tcherno Bari, antigo chefe de segurança da Presidência da República, "se encontra ilegalmente detido" no Estado-Maior General das Forças Armadas desde o dia 22 de junho de 2025, "sem qualquer acusação formal nem apresentação a uma autoridade judicial competente".

A organização defende que a morte de Tanu Bari "insere-se num contexto de perseguições sistemáticas, detenções arbitrárias e um clima cada vez mais sufocante de repressão" na Guiné-Bissau.

De acordo com o presidente da Liga Guineense dos Direitos Humanos, neste momento, encontram-se detidos, "de forma arbitrária e em condições desumanas", no Ministério do Interior, oito cidadãos guineenses: Ussumane Baldé, Braima Baldé, Malam Djassi, Adriano Lopes, Braima Conté, Eduardino Espencer, Braima Daramé e Ubambo Nanque.

A Liga exige o fim urgente "de todas as formas de perseguição política, detenções arbitrárias, tortura e execuções sumárias", de civis ou militares, na Guiné-Bissau, salientou Bubacar Turé.

Na passada quinta-feira, dia 24, a Polícia Judiciária (PJ) guineense disse estar a investigar uma denúncia feita por pescadores da localidade de João Landim, no norte, segundo a qual têm aparecido "de forma recorrente" corpos de pessoas a boiarem no rio Mansoa.

Luis Pansau, chefe dos pescadores de João Landim, localidade a 24 quilómetros de Bissau, banhada pelo rio Mansoa, denunciou o aparecimento, nos últimos tempos e "de forma recorrente", de corpos humanos ao longo do rio que banha várias cidades e localidades do norte da Guiné-Bissau e importante local de pesca artesanal.

Na última situação, ocorrida no dia 23, o corpo de um homem, de aparentemente 30 anos, foi encontrado, amarrado num pilar com sinais de ter sido baleado, a uma distância não muito longe da ponte existente no local, declarou o chefe dos pescadores de João Landim.

O corpo foi encontrado por um pescador, disse Luis Pansau.

Questionada na quinta-feira sobre esta denúncia em concreto, a fonte da PJ afirmou que a corporação está a investigar esta e outras situações, sem, contudo, adiantar quais.

Lusa

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