A Guiné-Bissau precisa de 254 milhões de euros para modernizar o setor agrário, disse hoje à Lusa o ministro do Desenvolvimento Rural guineense, Aníbal Pereira.
Segundo o governante, trata-se da verba prevista no Programa Nacional de Investimento Agrário (PNIA), instrumento que poderá desenvolver "por completo" a agricultura do país se for contemplado no Orçamento Geral do Estado para 2016.
O PNIA resulta de recomendações de líderes africanos no quadro da Nova Parceria de Desenvolvimento de Africa (NEPAD), está elaborado desde 2010, mas por falta de verbas nunca entrou em execução, referiu.
"Já que se diz que a agricultura é a base de sustentação da nossa economia e do nosso desenvolvimento, gostaríamos de ver, finalmente, uma boa dotação orçamental para este setor vital a partir das propostas constadas no PNIA", defendeu Aníbal Pereira.
O Governo do país "tem que dar um sinal" para que os parceiros possam abraçar as propostas do PNIA.
Aníbal Pereira exortou o Ministério da Economia e Finanças a ter "outra visão das coisas" no momento de dotação de verbas para os diferentes ministérios, frisando ser urgente "mudar o paradigma", no capítulo das prioridades.
"A prioridade tem sido a Educação e a Saúde, tudo muito bem. Mas, mesmo no hospital, o médico ao passar uma prescrição, diz ao paciente: tomar os remédios só depois de comer", observou o ministro da Agricultura, para ilustrar que, na sua opinião, a prioridade devia ser antes incentivar a produção de alimentos.
Aníbal Pereira notou que a Guiné-Bissau "tem ótimas condições" para produzir alimentos, mas sem um investimento massivo no setor agrícola "tarde ou nunca" atingirá a meta fixada pelos países da sub-região: acabar com a importação do arroz até 2020.
O arroz é a base da dieta alimentar dos guineenses.
Tomásia Manjuba, secretária de Estado do Orçamento e Assuntos Fiscais, disse acreditar que o "problema não é a falta de vontade em dar mais dinheiro" aos departamentos estatais, "mas sim é a falta de meios".
"Somos dos poucos países no mundo onde o cidadão não paga imposto, mas espera tudo do Estado", sublinha.
Aníbal Pereira e Tomásia Manjuba são dois dos participantes numa iniciativa, em Bissau, para preparação do Orçamento Geral do Estado para 2016.
O Governo da Guiné-Bissau está a promover desde quarta-feira e até sexta um encontro com a sociedade civil, técnicos de diferentes ministérios e o ministério da Economia e Finanças para elaborar o documento.
Lusa/Conosaba
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