Em carta aos companheiros de prisão diz que a vitória já aconteceu e que a máscara do regime caiu.
O activista angolano Luaty Beirão suspendeu nesta Segunda-feira, 26, a greve de fome iniciada a 21 de Setembro como forma de protesto por não poder aguardar em liberdade o julgamento dele e de mais 16 companheiros.
Na “Carta aos meus companheiros de prisão”, Luaty não indica a causa da sua decisão, mas considera que “a vitória já aconteceu” e diz querer voltar à prisão para assim “podermos falar a uma só voz”.
Depois de lembrar a detenção e as privações nas prisões, regozija-se com o facto de “pessoas da nossa sociedade, que lutaram pelo nosso país e viveram o que estamos a viver, saírem da sombra e comprometerem-se em nossa defesa, para que a História não se repita”.
Luaty também lembra ter visto “pessoas de várias partes do mundo, organizações de cariz civil, personalidades, desconhecidos, com experiências de luta na primeira pessoa que, sozinhos ou em grupo, se aglomeram no pedido da nossa libertação”.
“No nosso país muita coisa mudou e outras lamentavelmente se repetem”, diz o activista que “soube de limites serem ultrapassados, com mamãs espancadas e vigílias à porta de igrejas, reprimidas cobardemente”.
Para Luaty, filho de um dos mais próximos colaboradores do Presidente angolano e fundador e primeiro presidente da Fundação Eduardo dos Santos, não há “sabedoria do outro lado”, em referência ao regime.
Ao se dirigir directamente aos companheiros da prisão, o activista repete o que, segundo ele, disse noutras ocasiões: “Vamos das as costas. E voltar amanhã, de novo”.
Beirão reitera estar inocente e diz apenas esperar “que os responsáveis do nosso país também parem a sua greve humanitária e de justiça”, porque, segundo ele, “a máscara já caiu”.
O activista acusa o regime de ser incapaz de conter os seus próprios “instintos repressivos” e de obviar a “vã promessa de democracia, liberdade de expressão e respeito pelos direitos humanos”.
Ao terminar a carta, Luaty destaca o facto dele e seus companheiros não serem mais “arruaceiros” nem os “jovens revús”, e que não estão sozinhos.
“Em Angola, somos todos necessários. Somos todos revolucionários. Foi assim que o nosso país nasceu, mas, desta vez, lutamos por uma verdadeira transformação social, em paz”, conclui Luaty Beirão que diz assinar a carta “com essa fé”.
Beirão e mais 16 companheiros são acusados de “actos preparatórios para prática de rebelião e atentado contra o Presidente da República”.
Rosa Conde e Laurinda Gouveia aguardam em liberdade o julgamento marcado para 16 a 20 de Novembro.
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