domingo, 10 de maio de 2015

PRIMEIRO-MINISTRO DOMINGOS SIMÕES PEREIRA NO COLÓQUIO “II DIÁLOGO ESTRATÉGICO”


No âmbito dos 40 anos da Independência de Cabo Verde o Instituto Pedro Pires para a Liderança, organizou de 8 a 9 de maio, uma jornada cultural, cujo início foi ontem com o lançamento do livro “A justiça popular em Cabo Verde” de Boaventura de Santos.

Hoje, na Sala de Conferências do Hotel Praia Mar, teve lugar um Colóquio, subordinado “II DIÁLOGO ESTRATÉGICO – Inovação na Gestão do Desenvolvimento”.

A referida tertúlia foi estruturada em dois Painéis, a saber: 1. “Inovação social, inclusão e qualidade de vida” e 2. “A Inovação enquanto motor de crescimento económico”; incluindo, uma Conversa: “Da inovação social ao crescimento económico inclusivo”, entre o Presidente Pedro Pires do Instituto Pedro Pires para a Liderança e José Maria Neves, Primeiro-Ministro de Cabo Verde.

Os painéis contaram com subsídios de distintas personalidades: Boaventura de Sousa Santos (Professor Catedrático Jubilado da Universidade de Coimbra, Distinguished Legal Scholar da Universidade de Wisconsin-Madison e Global Legal Scholar da Universidade de Warwick); Cristóvão Buarque (Senador e Ex-Ministro da Educação do Brasil); Óscar Monteiro (Professor Universitário, Veterano da Luta de Libertação de Moçambique e histórico da FRELIMO); Carlos Burgo (Economista e ex-Governador do Banco de Cabo Verde); Claude Rochet (Professor da Aix-Marseille Université) e Luís Barros (MIT Portugal Program/Venture). E, ainda de facilitadores, como: António Correia e Silva (Ministro do Ensino Superior, Ciência e Inovação) e Luís Fonseca (Embaixador Jubilado).

A sessão foi iniciada com uma intervenção de enquadramento: ”Inovação na Gestão do Desenvolvimento”, proferida pelo Engenheiro e Primeiro-Ministro, Domingos Simões Pereira.

O Chefe do Governo guineense na sua alocução, em jeito de homenagem disse: “que o Instituto Pedro Pires, vai acupando um espaço de destaque no cenário africano na promoção do diálogo, alicerçado na cultura de paz, solidariedade, justiça e desenvolvimento” e que a cooperação internacional tem acompanhado a Guiné-Bissau na sua luta pela implementação da visão de desenvolvimento “Terra Ranka”.

Com toda a modéstia e humilde que o caracteriza, considerou que perante eminentes figuras presentes, estava ali mais para aprender do que falar dos conceitos propostos. Ciente de que, numa abordagem do modelo de governança as vezes a afirmação democrática se confunde com o desenvolvimento, que no contexto africano deve estar ao serviço de soluções duráveis, questiona como se mobilizar para o desenvolvimento inclusivo, que possa permitir conhecimentos e capacidades transformadoras e a construção de espaços alternativos de bem-estar? Acreditando que a inovação social deve ser capaz de gerar a mudança social, projetando o presente e futuro dos nossos respectivos países, evoca os ensinamentos de Amílcar Cabral e dos Combatentes da Liberdade Pátria, como um exemplo da vontade de mudar o rumo da história. Assegurando, que a inovação se fundamenta na garantia da liberdade, promoção da justiça e salvaguarda da cultura com forte investimento na educação e valorização dos talentos humanos.

No caso da Guiné-Bissau, frisa que a experiência das fragilidades do país, exige um debate alargado sobre os grandes problemas nacionais, por forma a que todos possam acompanhar e participar dos processos de transformação, de forma inclusiva e transparente, celebrando os méritos e as conquistas, repudiando os desmandos, a corrupção e a impunidade.

Como um líder atento diz, que para os próximos dez anos, almeja-se na Guiné-Bissau construir uma visão assente na estabilidade, desenvolvimento inclusivo, solidariedade, boa governação e preservação da biodiversidade. Mas, que para isso devemos encontrar novas soluções para as necessidades sociais que produzem bens e serviços culturais com vista à erradicação da pobreza. O que significa que temos de dedicar uma atenção especial à Juventude, investindo em novas tecnologias de mídia (TICs), implementando políticas públicas que favoreçam o acesso a serviços sociais e ao mercado de emprego, educação para a cidadania e voluntariado e criem possibilidades de acreditarem num presente e futuro melhor e não a morrerem no mar de forma clandestina.

Conclui a sua intervenção, referindo que é necessário promover sectores de criação de riqueza apoiadas na valorização durável do capital natural, que aumente o nível do estado do conhecimento da biodiversidade, favorecendo a valorização socioeconómica dos serviços dos ecossistemas e gere mais oportunidades de emprego, de renda e de bem-estar. Sendo necessária uma abordagem multidisciplinar, que lidere a interface entre a economia, cultura, tecnologia e ambiente centrada na predominância de produtos e serviços com conteúdo criativo, valor cultural e capazes de satisfazer as necessidades das populações e de gerar transformações sociais desejadas nas nossas sociedades.

Resta dizer, que foi um Colóquio de elevado nível intelectual, rica em ensinamentos.

Bissau, 09 de maio de 2015

Carlos Vaz
/Conselheiro para a Comunicação e Informação/













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