O ministro da Saúde Pública, Dionísio Cumba, efetuou ontem uma visita de diagnóstico às instituições sanitárias da Região de Biombo, concretamente nos setores de Quinhamel e Safim e constatou uma situação precária.
Dionísio Cumba fez-se acompanhar nessa missão pela secretária de Estado das Comunidades, Salomé Aluche dos Santos, deputado daquela área, pelo representante residente da Organização Mundial da Saúde (OMS), Jean Marie Kipela, o diretor-geral da Prevenção e Promoção de Saúde, Agostinho N´Dumba e o diretor regional de Saúde de Biombo, Carlos Na Lana.
O titular da pasta da Saúde Pública foi confrontado com uma situação deplorável das infraestruturas sanitárias das localidades de Ondame, Dorse, Quinhamel e Safim, com falta de ambulância e água potável em Ilondé, um centro de saúde pequenino em Safim (a vila em franco crescimento populacional) e insuficiência ou falta de médicos em todos os centros visitados.
Rever sistema de saúde
No final da visita, o ministro da Saúde Pública disse aos jornalistas que já tem uma ideia clara das estruturas sanitárias como devem ser reestruturadas e reclassificadas. “Vimos muita precariedade nos centros de Saúde, sem condições mínimas de serem chamados centros de saúde e muito diferentes do centro de saúde para o tratamento da doença de Noma onde ultimamos essa visita, construído com uma lógica de tratamento e acolhimento dos cuidados de saúde”, sentenciou Dionísio Cumba.
O ministro acrescentou que aquilo que viu na região de Biombo leva-lhe a ter certeza de que o Governo tem que trabalhar muito mais para dar saúde às populações. “Eu, enquanto ministro da Saúde, o compromisso moral que tenho como médico, acho que não vou poupar esforço junto do Governo para que possamos rever o nosso sistema de saúde, rever as estruturas da saúde”, salientou, dando como exemplo, o centro de saúde de Quinhamel que apesar de ser do chamado tipo “B” atende cerca de 16 mil pessoas e nesse momento ele precisa de passar para tipo “A”. Significa dizer que este centro deve passar para a categoria de hospital regional.
“É impossível ter um centro de saúde de tipo “B” que não consegue fazer cirurgias. Isto não pode ser. Não podemos continuar a evacuar doentes para Bissau. Bissau já tem muitos problemas. Não é melhor do que aqui”, disse.
É preciso que criemos as condições para minimizar as dificuldades da população. Quem sai, por exemplo, de Ondame para Bissau, às vezes não tem familiares que lhe podem acomodar e fica ai desamparado, à sua sorte. Temos que levar a saúde junto à população, colocar a sua disposição centros de saúde que são capazes de dar resposta as suas necessidades sociais. A nossa política é levar a saúde para às comunidades”, asseverou.
O governante anunciou que depois de Biombo, a sua missão ministerial seguirá com o mesmo objetivo para as ilhas, no arquipélago dos Bijagós e posteriormente sentar a mesma mesa com os parceiros para traçarem um plano de ação daquilo que é prioritário e tentar redefinir o sistema de saúde.
Ao que respeita as suas prioridades, Dionísio Cumba destacou a parte materna-infantil, porque entende que aí é que começa a vida e leva o futuro do país. “Senão cuidarmos das mães e crianças a nossa população vai terminar. Não podemos continuar a ter mortalidade materno-infantil muito alta. Temos que advogar junto do Governo e dos parceiros para que seja dada a maior atenção e mais recursos sejam canalizados para isso”, referiu.
O ministro da Saúde Pública entende que às pessoas têm que ser dadas a possibilidade de se tratarem dentro país para minimizar as evacuações de doentes para o exterior. “Temos este centro de tratamento da doença de Noma, muito bem construído, e que é um exemplo aplausível. Vêm ao país missões médicas estrangeiras para fazer cirurgias e recuperar as crianças. Podemos também construir vários centros de saúde iguais a este, e temos que preparar os jovens, motivá-los para que possam ser submetidos a formação e tomarem conta disto”, aconselhou.
Dionísio Cumba explica que levar doentes para Portugal custa muito dinheiro ao Governo e aos familiares dos pacientes.
Em relação à colocação de novos médicos, a que foi confrontado para responder, o ministro da Saúde Pública elucidou que o seu antecessor já tinha feito alguma afetação dos profissionais em todo o território nacional, cerca de 1000 médicos, mas o problema é que esses técnicos não aceitaram ir lá, a Guiné profunda, onde não há condições de vida e de trabalho ou seja nas tabancas sem água potável e luz elétrica..
“Vamos ter que rever tudo isso e criar as condições necessárias para que eles possam ir trabalhar em localidades que têm condições condignas. Não podemos colocar um médico num centro de saúde onde não há nem uma agulha, o que é que ele vai fazer aí”, interrogou. Na percepção do ministro Dionísio Cumba o técnico pode até ter razão, por isso o Governo vai trabalhar nesse sentido para garantir a permanência dos médicos nas respetivas localidades da zona rural, porque há população da Guiné-Bissau a viver lá.
Deputada satisfeita
Ainda no quadro dessa missão, a secretária de Estado das Comunidades e deputada da área, testemunhou ter visto uma situação lamentável na Região de Biombo. “Hoje de facto, senti-me esperançada com essa presença do ministro na minha região natal para fazer essa visita, porque ele vai constatar as dificuldades in loco para depois fazer o plano e as suas prioridades”, disse Salomé dos Santos.
Por seu lado, o representante residente da OMS, Jean Marie Kipela, na qualidade de integrante da missão ministerial, disse que a situação das estruturas sanitárias continua a ser a mesma, relativamente às outras regiões anteriormente visitadas. “O ministro acaba de dizer que o sistema de saúde é precário e junto do Governo os parceiros vão acompanhar essa situação para terem condições de fazer com que as infraestruturas sanitárias possam ter condições de melhorar o sistema de saúde da Guiné-Bissau”, salientou o diplomata.
Recorde-se que a melhoria das condições de funcionamento do setor da saúde é prioridade central do atual Governo.
Bacar Baldé
Conosaba/nô pintcha
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