O Secretário-geral da União Nacional dos Trabalhadores da Guiné (UNTG), Júlio António Mendonça, denunciou que o ex-presidente da República, José Mário Vaz, terá recebido do Ministério das Finanças, mais de setecentos milhões de francos CFA como subsídio retroativo de representação.
Júlio Mendonça fez essa denúncia em conferência de imprensa convocada para esclarecer os trabalhos que a Central Sindical tem desenvolvido e perspetivar novas estratégias para luta sindical.
Para Júlio Mendonça, tanto os trabalhos como as estratégias da organização “não têm nada a ver com os interesses individuais dos membros da direção ou do Secretariado Nacional da UNTG”.
O secretário-geral da maior Central Sindical do país denunciou igualmente que os líderes dos sindicatos que fazem parte da UNTG estão a ser alvo de ameaças e perseguições por “paus mandados” e desafiou o jornalista de O Democrata a investigar as duas notas de denúncias.
“Há dois anos, nunca vi movimentação tão intensa como a que tenho visto nos últimos dias, nos arredores da minha residência. Chegaram a perguntar por mim na casa de uma das minhas vizinhas. Isso nunca tinha acontecido, depois na calada da noite ou nas horas impróprias e justamente numa altura em que a UNTG decretou greve”, denunciou.
Contudo, disse que, apesar das ameaças e perseguições, nunca se sentiram intimidados e que os líderes sindicais estão determinados mais do que nunca, porque “o que fazem é um serviço patriótico e quem luta por uma causa justa não teme”.
O sindicalista avisou que depois da próxima vaga de greve, agendada para dia 18 de janeiro, a UNTG adotará novas estratégias de paralisações na administração pública, ou seja, passará a paralisar a função pública todas as terças, quartas e quintas-feiras. Mendonça não determinou o período para o fim da ondas de greves, mas deixou claro que cabe ao governo encontrar as soluções às reivindicações apresentadas pela Central Sindical, porque “tem tudo em mãos e é só cumprir”.
O Secretário-geral da UNTG frisou que quando foi discutido o atual Orçamento Geral do Estado no Conselho de Permanente de Concertação Social não foi submetido à aprovação, porque tanto a UNTG como o setor privado julgaram que tinha que ser revisto e que os impostos e as cargas fiscais não eram oportunos.
“A garantia que tivemos do primeiro-ministro era que a comissão trabalhasse de novo o orçamento, mas foi para nós uma surpresa. Não foi corrigido e o governo quer que seja promulgado pelo Presidente da República e aplicado aos trabalhadores”, revelou.
Em reação àquilo que chama de atitudes de menosprezo à dimensão da figura do Secretário-geral de uma Central Sindical e ao sentido de responsabilidade dessa estrutura, Júlio Mendonça alerta que o primeiro interlocutor do governo e do Presidente da República, em qualquer parte do mundo são as Centrais Sindicais. E como tal não devem ser tratadas como sindicatos e muito menos os seus representantes devem ser tratados como líderes sindicais mas sim, como Secretário-geral.
“Não é por acaso que o Conselho Permanente de Concertação Social é um órgão consultivo do governo e como tal todas as suas deliberações deviam ser usadas devidamente pelo executivo para evitar conflitos sociais, mas como não quis fazê-lo, por isso estamos, hoje, de costas viradas” , afirmou.
Perante este cenário, o Secretário-geral da União Nacional dos Trabalhadores da Guiné (UNTG) alerta que se o Orçamento Geral do Estado, aprovado pelos deputados da nação for promulgado pelo Presidente da República, com os impostos e as cargas ficais contidos nele, provocará um “caos” no tecido social guineense.
Júlio Mendonça referiu, por isso, que a eventual promulgação do OGE poderá abrir ainda a possibilidade de várias empresas encerrarem as suas portas, o aumento do desemprego do país, a falta de poder de compra dos servidores do Estado e do setor privado, que poderá gerar problemas “sociais graves”, sobretudo quando os preços de produtos da primeira necessidade dispararem no mercado com a subida do preço do combustível que passará a ter o Imposto Geral sobre Vendas (IGV), como também poderá provocar a perda do controle do país, tanto de ponto de vista económico quanto social”.
Para o Secretário-geral da UNTG, o “caos” só pode ser evitado se o chefe de Estado tiver a coragem de voltar Orçamento Geral do Estado ao Parlamento “como aconteceu em Cabo Verde e em Portugal”.
“Portanto não é novidade fazer voltar OGE ao Parlamento quando colide com os interesses do país e da população”, assinalou.
Por: Filomeno Sambú
Foto: F.S
Conosaba/odemocratagb
Sem comentários:
Enviar um comentário