Por: yanick Aerton
Hoje, 20 de Janeiro de
2021, na Guiné-Bissau, é o Dia dos Heróis Nacionais.
Nos Estados Unidos da
América, país do “Tio Sam”, é o dia da investidura do presidente-eleito a 3 de
Novembro de 2020 Joe Biden,
Dois países diferentes,
situados em continentes diferentes, cujos povos elegeram dois presidentes de
gerações diferentes, em termos etários e até ideológicos.
Em relação aos Estados
Unidos, sabe-se que o presidente-eleito, em termos ideológicos, é do
Centro, mas com propensão as políticas de esquerda, quanto as questões sociais.
Quanto a Guiné-Bissau,
é difícil situar o posicionamento ideológico seu presidente, porque este país é
um caso a parte, em que os partidos fundados na base nos princípios de defesa
dos mais carenciados, se tornaram os piores exploradores do povo que todos os
sacrifícios consentiu na esperança de ver a sua vida melhorada, sonho que foi
sendo adiado até a data.
Muito resumidamente,
queria falar sobre aquilo que considero de paralelismo:
Antes de embarcar no Air
Force One, na base aérea de Andrews, na Virgínia, o ex-presidente Trump
disse aos seus apoiantes, num gesto de despedida, na pequena cerimónia
organizada para o efeito, de que “de uma forma ou de outra” iria voltar ao
poder. Os analistas vêem nessa sua declaração a intenção de se candidatar nas
próximas eleições presidenciais em 2024.
Na Guiné-Bissau, este tipo
de declaração, segundo me contou uma vez o meu “cota”, foi feita pelo
antepenúltimo primeiro-ministro do ex-Presidente José Mário Vaz, quando se
despedia dos seus colaboradores próximos, no Palácio do Governo, e a sua
profecia tornou-se realidade.
;; cota Joaquim balde falam badja;;
Este antigo
primeiro-ministro disse nessa ocasião o seguinte, em Francês: on va
se retrouver……
Se retrouver, où? Perguntavam alguns, a si mesmos, mas os mais atentos compreenderam imediatamente tratar-se de: se retrouver au palais presidentiel, bin sûr.
Esse primeiro-ministro
tinha a forte convicção de que iria ganhar as eleições presidenciais, de forma
limpa, eleições que todos os homens honestos, todas as organizações e a
comunidade internacional consideraram das mais transparentes na história
política da pátria de Cabral.
Com isso, não estou a
prever que em relação ao Trump venha a acontecer o mesmo devido aos obstáculos
que tem pela frente, 1) segundo impeachment, 2) processos crimes da invasão do
Capitólio e outros crimes, mas simplesmente essa atitude do Trump trouxe á
minha memória, a capacidade de previsão que o Todo-poderoso dotou em certos
seres humanos que criou.
Outro especto que queria
abordar neste espaço é a atitude do Trump que nunca reconheceu a vitória do
rival, o presidente-eleito, Joe Biden, porque considerou as
eleições como sendo fraudulentas, apesar de nunca ter apresentado provas para
sustentar a sua tese, e o resultado foi a reacção das instancias judiciais
aonde recorreu para reverter os resultados a seu favor.
Na Guiné-Bissau, foi exactamente
o que se viveu e ainda se vive, em relação ao comportamento do candidato
presidencial derrotado na segunda volta das eleições presidenciais de 29 de
Dezembro de 2019, que, depois de minuciosamente ter analisado os dados de
que dispunha a sua máquina eleitoral e felicitado em consequência o ganhador,
deixou-se influenciar por elementos radicais a sua volta, e DEU O
DITO POR NAO DITO.
Quem pensar que tanto o Trump
quanto o candidato Guineense derrotado na segunda volta acima referida
vai algum dia reconhecer a sua derrota, está redondamente enganado.
Mas é assim a democracia,
esses maus perdedores estão nos seus direitos de não reconhecer, porque
consagrados nas leis magnas dos seus países.
Por isso, que disso
ninguém deve fazer um bicho-de-sete-cabeças, porque os órgãos competentes
fizeram o seu trabalho e as instituições estão a funcionar em pleno e em
obediência as leis.
Portanto, que ninguém se
preocupe com a posição que assume um candidato derrotado, porque não é fácil
assumir uma derrota depois de muitos esforços feitos para se conseguir a
vitória, e nem todos têm a mesma capacidade de encaixe.
Deixemos a nossa
democracia crescer e consolidar-se, sobretudo, respeitemos a posição de cada um
desde que não afecte o normal funcionamento das instituições da república.
No que toca a Guiné-Bissau,
a profecia do ex-PM, agora PR, se
tornou realidade, mas em relação aos Estados Unidos, FIGA CANHOTA CRUZ!
Se optámos pela
democracia, com a queda do artigo quarto da nossa Constituição em 1992,
devemos respeitar a posição de cada um, não devemos colocar obstáculos ao livre
exercício do direito de cidadania a nenhum cidadão.
Os presidentes dos Estados
Unidos e da Guiné-Bissau estão confrontados com as mesmas realidades em
relação às quais têm que concentrar todos os seus esforços para lhes dar a
melhor a melhor terapia. Os povos dos dois países estão divididos, e a
manter-se essa divisão a realização dos sonhos serão cada vez adiados.
É nesse campo que os
líderes se distinguem, é na procura das soluções adequadas e conducentes a
pacificação dos espíritos que os verdadeiros guias apontam os melhores
caminhos.
Se na verdade mais de 70
milhões de americanos votaram no Trump, não é menos verdade que os mais de 40
por cento dos guineenses que votaram no candidato do PAIGC devem ser tidos em
conta, como forma de encontrar soluções que satisfaçam ambas as partes,
colocando-se os interesses do povo acima dessas clivagens.
No que ao nosso país se
refere, esperam-se gigantescos esforços do Presidente da República, para unir
os Guineenses, escolhendo os melhores, mais tecnicamente preparados, para as
mais complexas tarefas da governação, e não se deixar refugiar nas considerações
meramente político-partidárias.
A Guiné-Bissau tem de tudo
para fazer deste país um Eldorado, mas tal começa pelo combate sério à
corrupção, vírus que tem sido o factor impeditivo ao desenvolvimento tão
almejado por este povo.
Viva a Democracia!
Deus abençoe a
Guiné-Bissau!
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