sábado, 23 de janeiro de 2021

CONTROLO DE “NEGÓCIO” DE MADEIRAS GERA DIVISÃO ENTRE COMUNIDADES E AUTORIDADES NACIONAIS

 

[janeiro de 2021] O interesse no controlo do negócio da madeira que está a ser retirada das matas está a gerar “conflitos” e divisão entre as comunidades, que já não confiam nas autoridades nacionais, em particular, na Brigada de Proteção da Natureza e Ambiente e a direção-geral das Florestas da Guiné-Bissau, cuja disputa de competências de gestão da madeira tem dividido as duas partes. 

Na cidade de Mansaba, por exemplo, a equipa da inspeção da direção-geral do Ambiente fala em disparidade de informações entre as que os denunciantes fornecem às autoridades e as que a Brigada de Proteção da Natureza e Ambiente (BPNA) diz ter da quantidade da madeira que ainda existe nas matas. 

BPNA AFIRMA QUE EXISTEM 13 MIL TOROS DE MADEIRAS CORTADOS ENTRE MANSABA E FARIM

O Major Bacar Baldé, segundo comandante da Brigada de Proteção da Natureza e Ambiente da Guarda Nacional (BPNA), revelou que existem treze mil toros de madeiraentre Masaba e Farim, norte do país, resultado de cortes que ocorreram de 2012 a esta parte. Porém, a equipa da inspeção-geral do Ambiente teme que esses números sejam só mera especulação.

“Na realidade o que constatamos no terreno não corresponde ao que dizem à imprensa”, disse Marcelino Vieira, inspetor do Ambiente para o setor de Mansaba.

Para Marcelino Vieira, essa disparidade de informações poderá complicar a fiabilidade do processo de retirada da madeira. 

A nossa fonte dentro das estruturas dos setores ligados ao processo avançou a O Democrata que o clima de desconfiança e disputa de competências na gestão do produto tem a ver com as taxas aplicadas aos infratores. 

O nosso confidente referiu que a Brigada de Proteção da Natureza e Ambiente não aceita que os infratores sejam multados ou taxados, nem obedece ao delegado das Florestas, mas defende negociações e que o dinheiro resultante das negociações não chegue aos cofres do Estado.

Em Bircama, uma localidade do setor de Farim, a equipa interministerial identificou setenta e três toros de madeira, todos de pau sangue. 

O incrível em tudo é presenciar o armazenamento de madeira. A técnica mecânica dos tronqueiros, pessoas que fazem o armazenamento de troncos e o carregamento dos mesmos do mato para os centros urbanos, é formidável, mas o trabalho é feito sob forte pressão, gritos e insultos, entre eles. O rigor é a chave da operação, mas a dinâmica com que operam leva qualquer pessoa a ter suspeitas de que usam estimulantes. 

Recebem, por trabalho que fazem, mil francos CFA por cada tronco carregado.

COMUNIDADE DE BIRCAMA PRIORIZA A CONSTRUÇÃO DE CENTRO DE SAÚDE

Numa reunião informal entre a comissão interministerial e a comunidade local, os bircamenses deixaram claro que não queriam que a madeira fosse recolhida e levada para o quartel de Mansoa, sem que a Comissão esclarecesse qual seria a contrapartida da comunidade.

Em declaração aos jornalistas, o régulo da tabanca, Sene Dabó, disse que a prioridade é a construção de um centro de saúde, a colocação de professores na única escola local e a construção da ponte que liga Bircama  aosetor de Farim.  

O Democrata apurou, de fonte local que, em Bircama, nem todos os toros de madeira foram entregues à Comissão Interministerial, alegando precaução caso as promessas não forem compridas.

Por: Filomeno Sambú

Foto: F.S

Conosaba/odemocratagb.

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