Quatro meses depois da tomada de posse dos novos órgãos sociais da Federação de Futebol da Guiné-Bissau (FFGB), o vice-presidente do organismo para área da Administração e Finanças, o empresário Hussein Farath, apresentou o seu pedido de demissão do cargo.
A informação foi transmitida esta sexta-feira, 22 de janeiro, pelo próprio Hussein Farath, em conferência de imprensa realizada na sua residência, em Bissau.
Segundo a explicação do dirigente desportivo, as razões do seu pedido de demissão têm a ver com falta de transparência na gestão de fundos daquele organismo que dirige o futebol nacional.
“Em primeiro lugar peço desculpas aos clubes, porque tentei fazer os meus esforços para dar o meu contributo para mudar o rumo do futebol nacional, mas infelizmente não consegui” lamentou, para de seguida esclarecer que a razão principal da sua demissão da direção da federação liderada por Carlos Mendes Teixeira (Caíto) deve-se com a retirada da sua assinatura obrigatória das contas da FFGB para o levantamento de dinheiros.
Farath, que foi diretor da campanha eleitoral do atual presidente da FFGB, Carlos Mendes Teixeira “Caíto”, é visto como um dos homens de confiança do líder daquela instituição federativa, que o levou a assumir a pasta das finanças, com vista a controlar a gestão dos fundos da FFGB.
Perante este cenário, o vice-presidente demissionário, explicou que um mês e meio da tomada de posse dos órgãos sociais do órgão, o líder da instituição alegou que recebeu uma notificação da FIFA, organismo que gere futebol mundial, que fundamenta que a obrigatoriedade das contas do órgão não pode ficar sob responsabilidade de uma pessoa.
“Depois que o presidente transmitiu-me essamensagem, fiquei estranho e pedi que ele mostrasse o documento da FIFA, o acabou por não acontecer.
Outra coisa que eu acho, a entidade não pode mandar nos regulamentos internos da FFGB, porque a FIFA pede sempre uma gestão transparente de fundos que doa para desenvolver o futebol”, referiu Farath.
“Decidi na altura assumir o posto para controlar a forma como seriam geridos os fundos públicos da FFGB, mas percebi que as pessoas acharam a minha atitude prepotente, mas devem saber que trabalho quando sou incumbido para gerir fundos, mesmo envolvendo a pessoa do presidente ou outra pessoa”, vincou.
Igualmente deputado da nação, o vice-presidente da FFGB para área financeira, revelou que por não ter recebido apoio e solidariedade dos restantes membros do órgão, decidiu abandonar o cargo.
Durante a sua longa conversa com os jornalistas, Farath revelou que para além de questões financeiras a FFGB também tem recebido críticas em relação aos projetos desportivos que tem desenvolvido fora da estrutura federativa, nomeadamente o apoio que deu ao clube de Bula.
Farath fez lembrar aos membros do Comité Executivo do órgão, que decidiu apoiar a reabilitação do estádio de Bula no sentido de desenvolver o futebol nacional e realçar o nome do presidente da FFGB, Caíto Teixeira.
Sobre eventual pretensão de ser presidente da FFGB, Hussein Farath transmitiu aos jornalistas que nunca teve essa intenção, embora tenha aberto a possibilidade de apoiar qualquer dirigente que pretenda desenvolver o futebol nacional.
O dirigente aproveitou o encontro para fazer várias revelações. Segundo as explicações de Farath, desde que a nova direção assumiu as funções, não houve mudanças entres os membros e não foi feito o inventário físico, imobiliário, ativo e passivo da FFGB, embora tivesse revelado que a direção herdou 500 milhões de francos CFA.
Em relação às dívidas contraídas, Farath revelou que a instituição tem uma dívida com a Empresa Pública da Eletricidade da Guiné-Bissau (EAGB) de 24 milhões de francos CFA e uma dívida 114 milhões com o Banco Comercial BAO, apesar de ter acontecido na anterior direção, sob liderança de Manuel de Nascimento Lopes “Manelinho”.
Na hora da despedida, o vice-presidente do organismo para área da Administração e Finanças desejou sucesso ao líder da FFGB e restantes membros do órgão.
De recordar que a instituição federativa, abriu um processo disciplinar contra Farath no início da semana, na sequência das declarações proferidas, dias antes no setor de Bula, nas quais revelou os valores que a federação vem recebendo ao longo dos tempos.
Numa recente entrevista ao Jornal O Democrata, o líder do órgão Caíto Teixeira, diz que Farath é um homem preparado para desempenhar a função da área financeira, porque tem condições necessárias para ajudar a instituição a realizar a visão do presidente, mas alertou que isso não queria dizer que tem o direito de bloquear o funcionamento da instituição.
Caíto Teixeira foi eleito presidente da FFGB no mês de setembro último, sucedendo no cargo Manelinho, que esteve 8 anos à frente daquele órgão.
Por: Alison Cabral
Conosaba/odemocratagb.
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