sábado, 6 de agosto de 2016

BOKO HARAM ESTÁ A INSTALAR CAMPO DE TREINO NA MAURITÂNIA


O grupo islamista radical nigeriano Boko Haram, também designado Estado Islâmico da África de Oeste, está a preparar a instalação de um campo de treino de jihadistas na Mauritânia, numa zona próxima à fronteira com o Senegal, confirmou ao jornal Alakhbar o antigo presidente de transição (2005-2006) mauritano, Ely Ould Mohamed Vall, que durante 18 anos chefiou a Direcção Geral da Segurança nacional.

Segundo Ely Ould Mohamed Vall um dos indícios claros desta intenção foi o ataque contra o posto do exército maliano em Nampala, junto à fronteira com a Mauritânia, que para o antigo chefe da segurança mauritana é revelador que os jihadistas que operam junto da fronteira têm relações em ambos lados da fronteira.

Outro indício revelador, para Ely Ould Mohamed Vall, foi a profanação de túmulos, venerados por uma grande parte dos mauritanos, que “tem a marca de grupos que pertencem a organizações radicais como Daesh e AQMI [Al-Qaeda do Magrebe Islâmico]”, e precisa que “estes grupos radicais apenas profanam os mausoléus nas zonas que ocupam tal como aconteceu no Afeganistão e no norte do Mali”.

Na mesma entrevista ao jornal Alakhbar, Ely Ould Mohamed Vall, refere também um ataque conta um banco na capital mauritana, Nouakchott, por indivíduos que alegaram agir “em nome de Alá e lutar contra a usura”. Para o antigo chefe da segurança mauritana a presença de grupos radicais no país é do conhecimento público e já falam do assunto “abertamente”.

Referindo a entrevista de Ely Ould Mohamed Vall ao jornal Alakhbar, a imprensa senegalesa lembrou que notícias difundidas em Março, com base em documentos recolhidos pelos US Navy Seals durante a acção de eliminação de Ossama Bin Laden em 2011 no Paquistão, que a agência Reuters teve acesso, revelaram que em 2010 o governo mauritano teria estabelecido um acordo de paz com a Al-Qaeda.

Segundo os documentos referidos, a AQMI comprometera-se a “não efectuar actividades militares na Mauritânia”, em contrapartida, as autoridades mauritanas deveriam libertar todos os prisioneiros da Al-Qaeda e não atacar a AQMI, mas também, pagar 10 a 20 milhões de euros por ano para “impedir o rapto de turistas”.

Para a imprensa senegalesa a “constatação” é que a Mauritânia, contrariamente aos seus vizinhos, Mali e Argélia, tem, quase sempre, sido poupada de ataques da AQMI, particularmente desde 2011. A imprensa senegalesa refere ainda que vários prisioneiros jihadistas na Mauritânia, tais como o porta-voz da Ansar Dine, foram libertados e outros fugiram das prisões “em condições duvidosas”.

© e-Global/Conosaba

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