sexta-feira, 4 de abril de 2025

Organizações da Sociedade Civil dizem que convite de Diomaye Faye a Sissoco Embaló é "traição" à democracia

O Espaço de Concertação das Organizações da Sociedade Civil da Guiné-Bissau (EdC) e a Frente Popular (FP) arrasam a presença de Umaro Sissoco Embaló em Dakar, onde este está a participar nas cerimónias comemorativas do 65° aniversário da independência do Senegal e acusam o Presidente Senegalês, Bissirou Diomaye Faye, de "traição" à democracia, por convidá-lo.

Numa longa carta aberta dirigida ao Chefe de Estado do Senegal, esta sexta-feira (04.04), o EdC e a FP acusam Diomaye Faye de "fechar olhos" aos desmandos de Umaro Sissoco Embaló, elencando um conjunto de "atrocidades" registadas no país, desde que este assumiu a Presidência da República da Guiné-Bissau, em 2020.

"Condenar sem reservas o convite formulado ao Ex-presidente Umaro Sissoco Embaló para participar em nome da Guiné-Bissau na celebração do 65° aniversário da independência do Senegal", lê-se no primeiro ponto da extensa missiva, que ainda criticou o envio de um avião senegalês a Bissau para levar Sissoco Embaló a Dakar.

"Constatar que o envio a Bissau de um avião presidencial do Senegal com o único objetivo de transportar o seu convidado especial, confirma a vontade da Sua Excelência em compatuar com a agenda ditatorial e branquear a imagem do ditador através de sessões fotográficas", afirmam as organizações.

Para pôr o Presidente do Senegal a par do que se passa na Guiné-Bissau, o Espaço de Concertação das Organizações da Sociedade Civil e a Frente Popular lembram na carta aberta enviada a Bissirou Diomaye Faye, os "sequestros" à Assembleia Nacional Popular (ANP) e ao Supremo Tribunal de Justiça (STJ) e ainda o "descalabro institucional" e "institucionalização da violência", bem como os raptos e espancamentos notórios no país.

Para os signatários da missiva, o mandato de Sissoco Embaló na Presidência da República acabou desde 27 de fevereiro deste ano, razão pela qual não podia o Presidente do Senegal, compactuar-se com quem chamam de "ditador" e "Ex-Presidente".
O EdC e a FP lembram a Bissirou Diomaye Faye a importância do Senegal na Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) e a sua responsabilidade no respeito aos princípios constantes do protocolo da Democracia e Boa Governação, um documento adotado pela organização sub-regional.

"Exortar a Sua Excelência a abster-se urgentemente de comportamentos que se traduzem em apoio inequívoco à legitimação da ditadura num país irmão do Senegal e contribuir para a materialização da agenda democrática assente na vontade popular expressa nas urnas", lê-se na carta.

O Senegal, independente de França em 1960, celebra esta sexta-feira 65 anos da independência.

Por CFM

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