sexta-feira, 4 de abril de 2025

Caso Milocas Pereira: LIGA PEDE ESCLARECIMENTOS SOBRE O PARADEIRO DA JORNALISTA GUINEENSE

A Liga Guineense dos Direitos Humanos (LGDH) pediu esclarecimentos ao Estado de Angola sobre o paradeiro da jornalista guineense, lembrando que este país lusófono, enquanto Estado signatário da Declaração Universal dos Direitos Humanos e demais instrumentos internacionais, tem o dever e a obrigação de esclarecer aos familiares e aos guineenses em geral, sobre o paradeiro da jornalista Ana Emília Pereira, vulgarmente conhecida por Milocas, desaparecida em Luanda já há quase treze anos.

A conhecida Jornalista Milocas Pereira desapareceu em Luanda há cerca de 13 anos, sem que as autoridades daquele país desencadeassem uma investigação judicial credível, transparente e conclusiva, para apurar as circunstâncias que rodearam o seu desaparecimento e descobrir o seu paradeiro.

“Não obstante a LGDH ter enviada uma Carta ao então ministro do Interior de Angola solicitando informações sobre o sucedido, até a presente data, nem o governo angolano nem as autoridades da Guiné-Bissau se pronunciaram oficialmente sobre este caso que, tudo indica, se consubstancia num ato de assassinato por delito de opinião”, pode ler-se na nota da Liga divulgada na sua rede social Facebook.

Até à data do seu desaparecimento misterioso, Milocas era comentadora numa das rádios em Luanda.

A LGDH continua a exigir das autoridades de Angola, um esclarecimento cabal do paradeiro da jornalista Milocas Pereira e igualmente condena “o silêncio ensurdecedor” das sucessivas autoridades da Guiné-Bissau.

Em julho de 2012, a jornalista guineense, Ana Emília Pereira, mais conhecida por MilocasPereira, foi dada como desaparecida em Luanda.

Os familiares acreditaram que o seu desaparecimento tevesse motivações politicas, já que Milocas Pereira era frequentemente convidada pela imprensa angolana a comentar as crises político-militares na Guiné Bissau, sobretudo aquando do golpe de Estado contra o governo de Carlos Gomes Júnior (12 de abril de 2012). Golpe que culminou com a retirada das tropas da MISSANG (Missão militar angolana na Guiné-Bissau).

Um mês antes do seu misterioso desaparecimento, a jornalista que lecionava jornalismo na Universidade Independente de Angola, foi agredida por desconhecidos e, na sequência dessa agressão, teria manifestado a algumas pessoas que lhes eram próximas a sua intenção de deixar Angola, país onde tinha fixado residência desde 2004.

Desde então foram desencadeadas buscas incessante sem respostas e muitos se interrogam se Milocas Pereira teria sido vítima dos serviços secretos externos da Guiné Bissau, ou então, se terá sido vítima das autoridades angolanas em virtude de eventualmente ter proferido alguma declaração que tenha “aborrecido” o regime de Luanda.

Na altura, os familiares de Milocas Pereira tinham receio de comentar o assunto com medo de represálias, embora mantivessem a esperança que se viesse a fazer luz sobre o seu desaparecimento.

Em entrevista a DW África, a irmã de MilocasPereira, Teresa Pereira, falou sobre as dificuldades que os familiares têm tido na procura de respostas sobre como andavam as investigações.

”Só em Portugal é que não fizemos diligências oficias. Na Guiné Bissau, fizemos junto do governo na altura em 2012 e 2013. Em 2014 renovou-se. As ligas de direitos humanos e de organização da sociedade civil, constantemente apelaram as autoridades angolanas que tomem em mão esta investigação “, informou.

Disse que a última vez que recebeu informações sobre o eventual paradeiro da sua irmã foi em 2014, quando surgiram rumores do aparecimento de alguns cadáveres de cidadãos da Guiné-Bissau numa das cadeias de Luanda. Teresa Pereira contou que pressionou para fazer o reconhecimento do corpo, mas os investigadores da Polícia Nacional negaram-lhe o pedido.

“Contactei a Polícia de Angola pedi que me deixassem ver o tal cadáver porque me diziam que era da minha irmã e porque se fosse eu teria que identificar e teriam que me dar o corpo. A Polícia disse que não era ela, disse que iria investigar sobre a origem desses rumores e até hoje não me disse mais nada”.

A Polícia Nacional de Angola continua sem dar respostas. E as autoridades da Guiné-Bissau quase nada têm feito junto das autoridades angolanas para o esclarecimento do caso e hoje a Liga Guineense dos Direitos Humanos volta a exigir de Angola e das autoridades guineenses diligências para esclarecer as circunstâncias do desaparecimento da Ana Emília Pereira (Milocas Pereira.

Agora, tanto a Teresa Pereira como todos guineenses e os familiares aguardam apenas que se faça luz sobre o desaparecimento da jornalista guineense.

Por: Filomeno Sambú
Conosaba/odemocratagb

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