O presidente do parlamento da Guiné-Bissau, Cipriano Cassamá, pediu hoje desculpa ao povo guineense pela recorrente instabilidade e salientou que no impasse político vivido nos últimos três anos não há "nem vencedores e muito menos vencidos".
"Volto a pedir do fundo do meu coração que ponhamos a mão na nossa consciência para pedirmos desculpa ao nosso povo pelos períodos recorrentes de instabilidade política, cuja responsabilidade é de todos nós, políticos, e assumirmos aqui solenemente que tudo faremos para que nunca mais aconteçam no nosso país situações como estas que paralisaram as novas vidas e as nossas instituições cerca de três anos", afirmou Cipriano Cassamá.
O presidente da Assembleia Nacional Popular da Guiné-Bissau falava na sessão solene de abertura do hemiciclo, que foi possível na sequência de um entendimento entre o Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) e o Partido de Renovação Social (PRS).
"Lembremo-nos que não há neste processo nem vencedores e muito menos vencidos", sublinhou, apelando ao grupo dos deputados dissidentes do PAIGC para regressarem ao partido, conforme previsto no Acordo de Conacri.
No discurso, Cipriano Cassamá agradeceu à comunidade internacional por "todos os esforços empreendidos" para a saída da crise.
"Espero que continue a apoiar o país nos seus esforços de reconciliação, na realização de eleições legislativas e no seu processo de desenvolvimento económico", disse.
Cipriano Cassamá pediu aos deputados guineenses para devolverem ao povo o "direito de sonhar e renovar a esperança num futuro de progresso e bem-estar económico e social".
"Vamos enterrar o machado de guerra e erguer bem alto a voz da reconciliação, do companheirismo para que possamos todos caminhar rumo à definitiva estabilização social e política no nosso país", salientou.
Os deputados guineenses vão hoje eleger a nova direção da Comissão Nacional de Eleições e discutir e aprovar um projeto de lei para prorrogar o seu mandato até novembro.
A atual legislatura termina a 23 de abril e as eleições legislativas realizam-se a 18 de novembro.
O hemiciclo do parlamento da Guiné-Bissau estava encerrado há quase três anos devido a divergências profundas entre as duas principais bancadas, a do PAIGC e a do PRS.
A reabertura do parlamento guineense ocorre depois do consenso alcançado entre PAIGC, PRS e Presidente guineense no sábado em Lomé, Togo, e que vai culminar com a realização de eleições legislativas a 18 de novembro.
No sábado, durante a cimeira extraordinária dos chefes de Estado e de Governo da Comunidade Económica dos Estados de África Ocidental (CEDEAO) já tinha sido anunciado que, após a nomeação do novo primeiro-ministro guineense, Aristides Gomes, o parlamento seria reaberto a 19 de abril.
A Guiné-Bissau vive uma crise política desde a demissão, por José Mário Vaz, em agosto de 2015, do Governo liderado pelo antigo primeiro-ministro Domingos Simões Pereira, do PAIGC, vencedor das legislativas de 2014.
Desde as eleições legislativas de 2014, a Guiné-Bissau já vai no sétimo primeiro-ministro, que terá como principal objetivo organizar as legislativas.
Conosaba/Lusa
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