terça-feira, 13 de março de 2018

«OPINIÃO» "ECONOMIA INFORMAL GUINEENSE, ATÉ QUANDO?" - SANTOS FERNANDES


Os dados oficiais indicam que mais de 50% da nossa economia é informal (UNCTA, 2015). É um reflexo da conjuntura e da estrutura económica do continente africano. Pouco industrializado, na medida em que esses números oficiais demonstram que, contrariamente, aos outros continentes: Europa, Ásia e/ou as Américas, o peso da industrialização sobre o PIB da esmagadora maioria dos países africanos não atinge 5%.

De 1750, com o advento da Revolução Industrial, aos dias actuais, o mundo industrializou-se de tal maneira, por razões várias:

- Competitividade das economias;

- Aumento das exportações;

- Promoção da economia de escala;

- Vantagem competitiva e comparativa entre as nações;

- Expansão tecnológica, etc...

Porém, nos países africanos, verifica-se a situação inversa, ou seja, tem havido um desinvestimento acentuado no sector secundário (indústria).

Os sucessivos governos africanos, inclusivamente, os governos guineenses têm "privilegiado" a economia baseada, essencialmente, na "coleta de commodities" - produtos e matérias-primas sem valores acrescentados - para serem comercializados aos países altamente industrializados, nomeadamente: China e Estados Unidos.


Em consequência desta prática da "economia de coleta", "surgiu" uma classe social marginalizada, dada à falta de emprego e de oportunidade, os ditos agentes "informais" à economia.

"Sem mulher na terra não há peixe no mar" 

Mas, onde está a mulher?

in: Raúl Mendes Fernandes "O informal e o artesanal: pescadores e revendedeiras de peixe na Guiné-Bissau (2012)".

(...) A mulher - figura central da economia guineense - surgiu na pesca há bem pouco tempo. 

Essa designação, mulher na pesca, é para ressaltar as múltiplas actividades da mulher guineense na actividade pesqueira, quer na captura, processamento, transformação ou comercialização.

As análises sobre a mulher e a pesca mostram, especificamente, duas abordagens distintas que analisam a relação entre a mulher e o trabalho e as representações sociais do gênero de forma separada.

Enfim, a meu ver, há uma necessidade da estruturação da actividade informal da mulher, mormente, para que ela possa ter acesso ao financiamento junto às instituições financeiras, i.e sistema financeiro descentralizado, visando à dinamização das suas actividades geradoras de rendimento.

De certeza, tendo em conta suas próprias dinâmicas, poderão dar o seu contributo para a criação de emprego e a consequente redução da pobreza.

Parabéns!
Às mulheres produtoras!

Ziguinchor, 3/3/2018

Por: Santos Fernandes

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