Uma delegação da comissão organizadora da Conferência Nacional para a Paz, Reconciliação e Desenvolvimento da Guiné-Bissau está em Leiria até quarta-feira para ultimar o relatório que será submetido à conferência em maio, foi hoje anunciado.
"Estamos aqui em Leiria num encontro de trabalho para a finalização técnica do relatório da comissão organizadora da Conferência Nacional para a Paz, Reconciliação e Desenvolvimento da Guiné-Bissau", disse à agência Lusa Ricardo Semedo, coordenador do secretariado da comunicação e informação da comissão.
Segundo o responsável, o relatório já "reflete um período de auscultação às populações da Guiné-Bissau", efetuada entre 2009 e 2011, no qual foram ouvidas cerca de três mil pessoas "de todos os segmentos da sociedade guineense", desde a sociedade civil, instituições públicas, comunidades religiosas, setores da Defesa e Segurança, como também "o setor judicial, a comunicação social, as organizações das mulheres e da juventude".
Esta comissão foi criada em 2007, por resolução da Assembleia Nacional, e tem 32 membros, seis dos quais estão em Leiria a concluir o relatório. Teve os seus trabalhos interrompidos com a morte do antigo Presidente da República Malam Bacai, retomando em 2015.
Segundo o seu sítio na Internet, esta comissão vai escolher, através de uma conferência nacional, designada "Caminhos para a Consolidação da Paz Desenvolvimento Nacional, "um mecanismo de reconciliação nacional para a Guiné-Bissau que possa atacar as causas do conflito, escrever a história comum dos guineenses para que o país possa virar a pagina do passado e avançar para o desenvolvimento".
A conferência, que o chefe de Estado guineense anunciou para maio próximo, "será uma grande reunião do povo da Guiné-Bissau para refletir e tomar as decisões sobre o modelo de uma estrutura que deverá pilotar o processo de reconciliação e adotar os mecanismos desse modelo", adiantou Ricardo Semedo.
O presidente da comissão organizadora padre Domingos da Fonseca, vigário-geral da Diocese de Bafatá, disse ter a certeza de que conseguirá "materializar o mandato que foi confiado, a realização da conferência", considerando que os órgãos de soberania "acabarão por aceitar que, de facto, esse passo constitui uma passagem incontornável para o início do processo da reconciliação".
Estas reuniões em Leiria têm o apoio da Câmara e Politécnico locais e a assistência técnica do Instituto Padre António Vieira, presidido por Rui Marques. A Gulbenkian tem igualmente apoiado esta fase final de elaboração do relatório.
A Guiné-Bissau vive uma situação de instabilidade política desde 2015 com sucessivas alterações de governo que resultaram num impasse institucional, que segundo um relatório recente da União Europeia está a enfraquecer as instituições do Estado e a pôr em causa o respeito pelos direitos humanos.
Conosaba/Lusa
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