As receitas alfandegárias na Guiné-Bissau caíram para metade nas últimas duas semanas, desde que se acentuaram os sinais de instabilidade, e há apoios financeiros internacionais e investimentos em risco, anunciou hoje o ministro das Finanças cessante, Geraldo Martins.
Geraldo Martins falava numa conferência de imprensa destinada a fazer “uma clarificação” do que foi a gestão do Governo durante os 12 meses em que esteve em funções.
O Presidente, José Mário Vaz, criticou as contas públicas e apontou-as como uma das razões para a demissão do Executivo decretada na quarta-feira.
No entanto, segundo Geraldo Martins, as contas do chefe de Estado “estão todas erradas” e sugeriu a confrontação com os dados publicados mensalmente na Internet.
O ex-governante considerou a queda de receitas do Estado como uma das consequências mais preocupantes da crise, porque “quando há menos receitas, há menos capacidade de o Estado arcar com despesas”.
Ainda assim, referiu que os salários de agosto da função pública “estão garantidos”.
Por outro lado, “um país nesta situação não atrai investidores. Há muita gente que devia vir a Bissau agora e tudo isso está em causa. Passamos pelos restaurantes, pelos supermercados e parece que estão a funcionar ao ‘ralenti'”, ilustrou.
A instabilidade está a colocar em risco, muitos ganhos conseguidos ao longo dos últimos 12 meses. Não só na mesa redonda (de doadores), mas também em termos de mobilização de outros fundos”, salientou.
Geraldo Martins apontou como exemplo “um apoio de 20 milhões de dólares por ano, durante os próximos três anos, que terá sido aprovado esta semana pelo Banco Mundial. Mas com esta situação de convulsão, há o risco de a Guiné-Bissau vir a perder este fundo”.
O Presidente da República demitiu na quarta-feira o Governo liderado por Domingos Simões Pereira, num decreto em que se justifica com quebra mútua de confiança, dificuldades de relacionamento e sinais de obstrução à Justiça por parte do Executivo.
Num discurso à nação, Vaz acusou ainda o primeiro-ministro e o Governo de corrupção, nepotismo e de falta de transparência na gestão pública.
Lusa
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