Domingos Simões Pereira, primeiro-ministro demitido da Guiné-Bissau, rejeitou hoje as acusações de «corrupção» feitas pelo Presidente da República e desafiou o chefe de Estado a rever em conjunto com o FMI as contas públicas que pôs em causa.
"Há um relatório do FMI sobre o desempenho do Governo e esse relatório demonstra que o Governo não só cumpriu as metas programadas que havia fixado, como ultrapassou claramente esse resultado", referiu Simões Pereira, que preside ao PAIGC, depois de ter discursado perante os militantes na sede do partido - onde hoje manteve reuniões com dirigentes e membros do Governo destituído.
"Vamos divulgar proximamente números exatos das contas públicas, mas penso antecipadamente que é fácil responder ao Presidente da República", com base nos números do FMI, salientou.
Entre outros aspetos da governação, o Presidente José Mário Vaz questionou na quarta-feira o destino de 85 milhões de euros detetados no saldo das operações financeiras do Estado nos últimos 12 meses.
"Em que é que foi gasto todo esse saldo", perguntou.
No discurso em crioulo, perante os militantes do PAIGC, Simões Pereira mostrou-se surpreendido e questionou-se sobre as verdadeiras competências de economista do chefe de Estado.
"Mesmo na componente de justificação da aplicação das receitas, está mais que evidente que o Presidente da República faz uma omissão abusiva de um conjunto de leis para tentar sustentar a tese de que o Governo teria tido um desempenho menos positivo", acrescentou.
Da mesma forma, "quando fala de corrupção e faz ligação a contratos de exploração de recursos" a situação também se complica para o lado do presidente, porque Simões Pereira diz conseguir "provar objetivamente" que não foi assinado "nenhum contrato" de concessão.
"Fica difícil de manter qualquer tipo de respeito pelas palavras do Presidente", concluiu.
Diário Digital com Lusa
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