terça-feira, 8 de abril de 2014

AUTORIDADES SANITÁRIAS DA GUINE-BISSAU TENTAM TRAVAR A ENTRADA DO EBOLA NO PAIS


Autoridades sanitárias da Guiné-Bissau tentam travar a entrada do ébola no país. Na fronteira terrestre com a Guiné-Conacri foram montados bidões de água e lixívia. Os que por aqui entram são obrigados a lavar as mãos.
A Vila de Burutuma, situada a 800 metros da Guiné-Conacri, na região leste do território guineense, continua com a fronteira aberta e sem grandes medidas de prevenção contra o surto de ébola que assola o país vizinho.
A população local continua exposta à propagação. Apesar de não haver ainda qualquer sinal do vírus ébola na Guiné-Bissau, o ministro da Saúde Pública já está a accionar os mecanismos da alerta precoce.
A enfermeira Egídia de Almeida, afeta ao posto de saúde na linha fronteiriça, explica quais são os procedimentos peventivos: "Colocámos aqui bidões de água, quando a pessoa chega tem de lavar as mãos. Também dissemos aos guardas da fronteira que se chegarem pessoas com febre alta, vómitos com sangue, nos devem informar aqui no centro de saúde."
Encerramento de fronteiras
Na Serra Leoa, que tal como a Guiné-Bissau faz fronteira com a Guiné-Conacri, identificaram-se outros dois casos suspeitos, tendo as pessoas infetadas morrido.
O Senegal, por sua vez, já ordenou o encerramento das fronteiras com a Guiné-Conacri para evitar a propagação do vírus.

A enfermeira Egídia de Almeida defende que se fechem as portas da Guiné-Bissau para evitar o pior: "Repiso nisso, é preciso fechar a fronteira até que a situação melhore", sublinha.
As regiões de Tombalí, no Sul, e Gabú, no Leste, fazem fronteira com a Guiné-Conacri, país onde o ébola já causou pelo menos 80 vítimas mortais.
No fim de semana, o ministro da Saúde da Guiné-Bissau, Agostinho Cá, sublinhou que os serviços de prevenção e promoção da Saúde Pública já tomaram conhecimento da situação e acionaram os mecanismos de alerta precoce nas regiões que fazem fronteira com a Guiné-Conacri.
Algo que não aconteceu até agora em Buruntuma, como relata a enfermeira Egídia:
"Estamos a preparar o quarto para isolar os pacientes, mas ainda não temos materiais de primeiros socorros. Ainda não recebemos nada."
Egídia de Almeida contou à DW África que apenas o delegado regional de Gabú lhe ligou para poderem fazer a prevenção.
Maior movimento na fronteira
Tcherno Embaló, funcionário das alfândegas, chegou à fronteira há quatro dias. Conta que o número de pessoas que entram é relativamente mais alto do que o habitual.
O funcionário de 50 anos não esconde o seu medo de ficar exposto ao vírus sem quaisquer medidas excepcionais de prevenção. "Estou muito preocupado porque estou aqui e não posso fugir. Estou a trabalhar aqui, todos estamos preocupados", desabafa.
"Faz agora quatro dias que estou aqui. Estava em Pirari e fui transferido para aqui. No domingo houve muita movimentação de pessoas aqui. Cerca de 15 viaturas pernoitaram aqui, mas agora está tudo vazio", relata ainda.
As autoridades nacionais reconheceram já que a Guiné-Bissau sozinha não tem capacidade para responder aos surtos epidémicos de doenças como cólera, paludismo, diarreias e outras.


ONU evacua pessoal
As Nações Unidas, por sua vez, já ordenaram a evacuação do seu pessoal da linha fronteiriça, como avançou José Ramos-Horta, representante da ONU em Bissau: "Recomendei, a haver algum funcionário da ONU, internacional, na fronteira, que seja retirado. Não está lá ninguém. Proibi viagens para a Guiné-Conacri, isto já há duas semanas."
Malam Camara, comandante adjunto da Guarda-fiscal de Burutuma, entende que as autoridades guineenses deviam exigir que as autoridades da Guiné-Conancri tomem melhores medidas de controlo e prevenção na zona fronteiriça.
Segundo os residentes de Buruntuma, que fica a 247 quilómetros de Bissau e a apenas 800 metros da Guiné-Conacri, nos últimos dias registou-se uma redução considerável de pessoas que vão para o país vizinho.
Os habitantes contam também que no último fim semana várias pessoas foram fazer compras a Conacri porque não foram informados de nada.
O ébola não tem tratamento nem pode ser prevenido por vacina. O vírus é fatal para 25% a 90% dos que o contraem, dependendo da estirpe, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS). O vírus é transmitido por contacto direto com sangue, fezes ou suor, por via sexual ou por contacto não protegido com cadáveres.


DW.DE

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