Dr. Sargento Natche
A política guineense tem muito
de virtual, a cada passo se lançam ideias e se fazem desafios, sabendo-se de
antemão que não tem qualquer exequibilidade. È que sucedeu no maior partido do
país para o congresso de Cacheu com os apelos ao consenso aos candidatos,
também com o governo de transição, a Presidência da República, sociedade e os
partidos políticos em geral. È consenso para cá, consenso para lá e consenso
sobre tudo e ainda ate agora o consenso sobre reforma de sector de defesa e
segurança e a do estado. Mas desconfio muito que o consenso vai ser pós
eleição, aí vão-se conhecer a força de cada um dos partidos e as promessas para
cumprir (jobs boys - os tachos). Neste momento toda a variedade de consenso
esta no ar. Não há político, analista ou comentador que se preze que não fale
de consenso. Fieis ao sebastianismo que nos caracteriza alguns chegam mesmo ao
ponto de pensar que com essas eleições algo iminente ou na forja que pode
acontecer, se não fosse para quê tantos candidatos? E tantos partidos? Todavia
nada de concreto de consenso vai acontecer em matéria de consenso nos próximos
tempos, pelo que conheço dos políticos guineense que não cumpram as suas
promessas e só nas épocas de campanha eleitoral é que lembram das origens,
alguns com finalidade de dividir para poder reinar. É política virtual em todo
o seu esplendor. Neste período de pré campanha e pelo menos ate a campanha, vão
ocupar espaço, enchem o tempo, fomentam debates, alimentam expectativas no
final acaba por ser mais uma machadada na já reduzida credibilidade dos políticos.
O meu apelo é que se entendam
sobre o essencial para o BEM COMUM que é o país. Isso claro que é fundamental
para todos guineenses, haver um consenso político alargado para esse período de
transição, porque esse não acaba com as eleições e vamos precisar da união pelo
menos nos próximos dez (10) anos para erguer o país das marasmas em que se
encontra. Os nossos políticos sendo como são… uma coisa é o que é necessário,
outra coisa é o que é possível. Quase certo ou é verdade que não vai ser
possível ate as eleições qualquer acordo politicamente relevante,
principalmente envolvendo os dois maiores partidos, essa impossibilidade não
radica nas razoes estratégica ou nacional mas numa ambição pessoal ( cultura di mama táco); e a explicação é
muito mais comezinha ou uma questão de sobrevivência politica. Sendo assim
muitos políticos pensam que afirmando um acordo sem promessa de lugares de
destaque na governação desguarnece a capacidade politica, a liderança e correm
o risco de serem destronados, mas dizendo «não» ao acordo, mantem as hostes
sossegadas e a liderança segura.
Para perceber isto, basta
conhecer a filosofia que informa a cultura dos nossos políticos (quando estão
no mó de baixo lembram ensinamento do Cabral e quando estão em cima - mandjuandade di kumecume esquecem do Cabral.
Para a visão dos seus fieis seguidores, acordar é ceder, consensualizar é
fraquecer, firmar compromisso é coisa do líder frouxo, o que é para mim uma
ideia errada; ou o que diz aparelho do partido de que um líder forte tem de ser
marialva e elevar os decibéis dos gritos e bater o pé a todos os desafios de
consenso e compromisso. O que conta com aparelho do partido não é a substancia,
é o estilo, a forma, imagem e a retorica, pode parecer esquizofrénico. Mas a
esquizofrénica é, amiúde, a logica dos aparelhos partidários.
Ainda tenho esperança de que um
dia vamos ter consenso, mas só a seguir as eleições, quando toda gente ter a
consciência do que é governar e
construir uma nação e a
responsabilidade que aquilo impunha nos ombros dos cidadãos eleitos e não um
serviço de enriquecimento ilícito, nessa altura se chegar ao poder o discurso
ira mudar e o estilo e a substancia também, quando cada um de nós for
responsabilizado pelos seus atos perante a justiça e se faz cumprir a lei. O
discurso de consenso passara de opositor ao patrocinador e nas politicas
passara de adversário a protagonista principal. Mudara algo na forma para que,
no fundo tudo não continue na mesma, invocando sempre taticamente o INTERESSE
NACIONAL.
É pena que tenha de ser assim,
mas é o sistema político que temos. Hoje é o interesse dos governantes, Amanha será
da oposição, só nunca é o interesse do país e do povo, é como disse um do
grande jornalista guineense Umaro Djau a um político de que tinha “Um discurso
açucarada” em campanhas.
A proliferação dos candidatos
as próximas eleições levanta suspeita de que realmente as pessoas não estão a
ter um bom senso e do interesse nacional, isso leva ao cidadão comum contra os
políticos numa senda de poderosa raiva que atravessa a sociedade e que quase
ninguém se exprime senão os sinais ainda inconstante dos seus discursos
falaciosos.
Como vamos viver? Como vamos
sobreviver? Será que não chegou a hora de ultrapassarmos este estado de coisas?
Ou sobreviver é manter a vida abaixo de tónus da vida perto de zero. Já é
momento de unir, para quê varias candidaturas, mesmo alguns sabendo a partida
de que não chegarão ao fim ou não terão um bom resultado, para quê insistir? O musico
Apha Blondy disse que “tout change seuls les imbéciles ne changent pas - tudo
muda só os imbecis é que não muda”
Já sobrevivemos uma series de
golpes e transições bem repartidos no espaço e no tempo para que fossem
suportados por todos mas parece que os políticos não aprendem a lição, porem
eles infligem-nos com as politicas que pouco a pouco vai diminuindo a qualidade
de vida ao mesmo tempo tenta manter-nos a esperança de uma Guiné melhor; mas
estas politicas também foram erodindo as nossas vidas, o país o território
material e imaterial apagando-se os sonhos (exilados, desemprego, vida pobre
acantonando-se as famílias e á casa, mal vividos, mal sentidos amputados ou
espetralizados).
A situação social deixa poucas
margens para otimismo. Quando altos responsáveis do país e os funcionários
estão resignados e exprimem nestes termos que “a situação é muito grave”. Neste
contexto a Guiné parece assim viver numa fratura cada vez maior no seu corpo
social.
Eu por cá tenho um
pressentimento inquietante que com tantos candidatos, mas que não usem a política
de afinidade populacional que é muito mau que vai fragmentar a sociedade a sua
recomposição onde se apagam os pontos (homens) de referência é um descredito da
política.
Sobrevivemos,
porque julgamos que ainda íamos viver!
Mas a vontade popular é de
construir um espaço social justo, novas maneiras de dizer e de unir as pessoas,
políticas educativas, economia, administração e outras que estão a destruir o
país.
Ter-se-á o cuidado de não
esquecer no meio desta nossa indignação o desejo na relação com a justiça,
professor-aluno, empregador – empregado, estado-cidadão, hospital (médico)
-doente assim estaremos a pensar á Guiné de todos nós.
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