O vice-primeiro-ministro de Cabo Verde, Olavo Correia, não afasta um cenário de um Orçamento Retificativo em 2022, devido aos impactos na escalada internacional dos preços após o conflito militar na Ucrânia, mas admite que ainda é cedo para uma decisão.
"Oquadro é incerto, o quadro é volátil, o quadro é imprevisível. Estamos a acompanhar a evolução da economia internacional e o seu impacto na economia cabo-verdiana. Neste momento ainda não temos uma ideia sobre essa necessidade", afirmou Olavo Correia, que é também ministro das Finanças, questionado pela Lusa à margem da conferência "Serviços financeiros digitais justos e seguros", que decorre hoje na sede do Banco de Cabo Verde, na Praia.
"Temos de continuar a avaliar os impactos sobre a economia cabo-verdiana, sobre os cidadãos cabo-verdianos, o impacto sobre a evolução na dinâmica de crescimento da economia internacional e só em função dessa avaliação, um pouco mais à frente, é que nós podemos tomar uma decisão", acrescentou, sobre um eventual Orçamento Retificativo em 2022, que a verificar-se repetiria o cenário de 2020 e 2021, então devido aos efeitos económicos e financeiros da pandemia de covid-19.
Cabo Verde enfrenta uma profunda crise económica e financeira, decorrente da forte quebra na procura turística - setor que garante 25% do Produto Interno Bruto (PIB) do arquipélago - desde março de 2020, devido à pandemia de covid-19.
O país registou em 2020 uma recessão económica histórica, equivalente a 14,8% do PIB. O Governo cabo-verdiano admite que a economia possa ter crescido 7,2% em 2021, impulsionada pela retoma da procura turística, e prevê 6% de crescimento em 2022.
Previsões que o ministro das Finanças vê agora com mais cautela, face à conjuntura internacional de escalada de preços de energia e alimentos, provocada pela invasão da Ucrânia pela Rússia.
"Temos que estar atentos e todos os dias temos que rever os cenários. E em função dessa avaliação, dessa revisão, podemos depois tomar as medidas em relação ao Orçamento Retificativo ou não. Mas neste momento ainda não temos nenhuma decisão em relação a esta matéria", acrescentou Olavo Correia, em declarações à margem da conferência "Serviços financeiros digitais justos e seguros", que decorre hoje na sede do Banco de Cabo Verde, na Praia, assinalando o dia mundial dos Direitos do Consumidor.
Na sua intervenção na abertura da conferência, o governador do Banco de Cabo Verde, Óscar Santos, recordou que a economia nacional "vinha evoluindo favoravelmente no quarto trimestre de 2021", com as "economias dos principais parceiros a prosseguirem com a sua trajetória de recuperarão", além de uma "continua recuperação da atividade económica" no mesmo período, "ainda que mais modesta face ao terceiro trimestre" do ano.
"No entretanto, a guerra e as consequentes sanções económicas à Rússia vieram introduzir mais incertezas e volatilidade aos mercados e, seguramente, vão impactar negativamente o comportamento dos preços e o crescimento económico nacional e internacional", alertou o governador.
Óscar Santos avançou que as contas externas de Cabo Verde registaram uma "melhoria" em 2021, "com reflexos ao nível das reservas internacionais líquidas, que passaram a garantir cerca de sete meses de importações de bens e serviços estimadas" para aquele ano.
Conosaba/Lusa
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