Bissau, 24 mar 2022 (Lusa) - O engenheiro agrónomo guineense José Filipe Fonseca defendeu hoje que o arroz da Guiné-Bissau foi levado para o continente americano por pessoas vendidas como escravizadas, assim como utensílios de cultivo.
“Os escravos da África Ocidental, da Guiné-Bissau, do Senegal, daquilo que se chamava a costa do arroz, que se estende do Senegal à Libéria, esses escravos levaram sementes e germoplasma, material genético, as tecnologias, para as Américas, América do Sul, Caraíbas, América do Norte”, afirmou José Felipe Fonseca, numa entrevista à Lusa.
Ligado à organização não-governamental guineense Ação para o Desenvolvimento (AD), o engenheiro agrónomo proferiu hoje uma palestra para os estudantes da Universidade Colinas do Boé, do ex-ministro dos Negócios Estrangeiros, João José “Huco” Monteiro, durante a qual dissertou sobre o tema “Escravizados guineenses e o arroz no mundo”, para defender que dados científicos comprovaram que o cereal chegou ao continente americano também saído da Guiné-Bissau.
No caso concreto dos Estados Unidos de América, Fonseca é da opinião de que antes do arroz asiático, os escravizados fizeram chegar o arroz africano ao estado da Carolina do Sul, principal produtor e exportador daquele cereal, disse.
“O arroz africano, que foi para América Latina, Brasil, no estado de Maranhão, um século antes de chegar à América do Norte, também revolucionou a agricultura, naturalmente, do ponto de vista do arroz, da alimentação, porque o arroz é o produto alimentar mais consumido no mundo”, observou o agrónomo guineense.
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