Bissau, 28 mar 2022 (Lusa) – A segunda vice-presidente do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), Odete Semedo afirmou hoje que a comunidade internacional “sabe que a Guiné-Bissau vive num horror”, mas estranha a passividade perante a situação.
“A comunidade internacional já sabe tudo na Guiné-Bissau, sobre a política na Guiné-Bissau, sobre a situação de horror que se vive na Guiné-Bissau, porque tudo o que se passa aqui nós reportamos em carta para esses parceiros”, disse Semedo, em declarações à Lusa.
Na semana passada a dirigente lançou, nas redes sociais, um grito de alerta sobre o que disse serem perigos de a Guiné-Bissau entrar “num problema grave” se a comunidade internacional não “intervir já”.
Odete Semedo disse que todas os parceiros do país, nomeadamente a Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), Comunidade Económica de Estados da África Ocidental (CEDEAO), todas as agências do sistema das Nações Unidas e União Europeia “foram informados sobre o que se passa” na Guiné-Bissau.
O PAIGC enviou cartas a todas aquelas instituições mesmo dando conta de situações que Odete Semedo disse ter vergonha de referir.
“Por exemplo casos em que as pessoas vão às nossas casas à noite, batem à porta, dizem que vão a mando de ordens superiores para entrar na nossa casa, para vasculhar as nossas coisas. Eu tenho vergonha disso”, observou Semedo.
A dirigente afirmou ainda que o PAIGC relatou nas cartas situações em que, alegadamente, as pessoas foram detidas e conduzidas à Segunda Esquadra (sede da polícia guineense) apenas por terem “gritado viva PAIGC” num lugar público.
Odete Semedo, escritora e poetisa, acusou ainda a comunidade internacional de estar a dar “mais atenção ao Presidente” Umaro Sissoco Embaló do que ao povo guineense “que sofre”.
Neste particular, criticou a passividade da CPLP e acusou as autoridades portuguesas, nomeadamente o primeiro-ministro, António Costa, de “andarem ao colo com o Sissoco”, dando o mote para o resto da comunidade internacional.
Odete Semedo disse ainda que o guineense “se calhar desconhece o que o país tem em termos de riqueza” para despontar tanto interesse.
Em relação aos países da sub-região africana, a dirigente do PAIGC afirmou que a CEDEAO “anda a brincar com os guineenses” ao mandar para a Guiné-Bissau missões “que vêm brincar” com os sentimentos do povo.
Conosaba/Lusa
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