terça-feira, 15 de março de 2022

Roubo de gado: LGDH AFIRMA QUE HÁ UMA IMPUNIDADE INSTITUCIONALIZADA QUE INCENTIVA O FENÓMENO NA GUINÉ-BISSAU


O vice-presidente da Liga Guineense dos Direitos Humanos (LGDH), Bubacar Turé, afirmou que há uma ʺimpunidade institucionalizadaʺ na Guiné-Bissau que tem incentivado o roubo de gado à mão armada.

Em entrevista a O democrata esta terça-feira, 15 de março de 2022, para falar sobre o Fórum Nacional Sobre a Segurança, Justiça e Paz, que se realiza entre os dias 19 e 20 deste mês, em Canchungo, Bubacar Turé considera grave problema sociocultural o roubo de gado no país, sobretudo na região de Cacheu, alertando que o fenómeno possa comprometer a convivência pacífica entre as comunidades nas zonas rurais.

Para Turé, o Ministério do Interior tem revelado uma “manifesta incapacidade” de criar condições de segurança aos cidadãos e aos seus patrimónios, e uma “estranha incapacidade” de conter os malfeitores.

O defensor dos Direitos Humanos disse que os roubos de gado à mão armada têm-se aumentado nos últimos dois anos na Guiné-Bissau, devido à falta de controlo de armas e munições do Estado.

“É totalmente inaceitável que os civis tenham acesso, de forma indevida e abusiva, às armas e munições de Estado, sem que a hierarquia das forças de defesa e segurança apurem internamente, com vista à responsabilização criminal e disciplinar dos autores envolvidos nestas redes criminosas”.

Bubacar Turé afirmou que há uma impunidade generalizada no país, lembrando que o fenômeno de roubo de gado tem sido denunciado pelas várias organizações da Sociedade Civil, incluindo a Liga, sublinhando que desconhece, dos poucos casos que foram traduzidos à justiça, o único que chegou ao fim com uma sentença condenatória e consequente cumprimento de penas.

“Significa que há uma impunidade institucionalizada que tem incentivado esse tipo de ato”.

Por isso, o ativista mostrou-se esperançado que o fórum seja uma oportunidade única para todos os atores relevantes neste processo, nomeadamente a comunidade local, os líderes tradicionais e religiosos, as mulheres, os jovens, oficiais das forças de defesa e segurança e as autoridades judiciárias debaterem de forma aberta e franca esse problema e apontar, em conjunto, soluções duradouras, esperando ainda que, do fórum, seja adotada uma “forte declaração” com medidas claras a servir como bússola para estancar o roubo de gado no país.

Refira-se que o Fórum Nacional Sobre a Segurança, Justiça e Paz a realizar-se entre os dias 19 e 20 de março, em Canchungo, é uma resposta das organizações da Sociedade Civil, agrupadas no espaço de concertação, aos problemas de “insegurança e desfuncionamento das instituições judiciárias que estão a pôr em causa a proteção dos direitos humanos e o património dos cidadãos no país”.

Durante dois dias, 100 participantes vão debater, entre os assuntos, a segurança, impunidade, controle de armas e munições e os fatores que ameaçam a convivência pacífica entre as comunidades na Guiné-Bissau.

Por: Tiago Seide
Conosaba/odemocratagb

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