Luanda, 17 jul 2021 (Lusa) - O Presidente de Cabo Verde, Jorge Carlos Fonseca, país que se despede hoje da presidência da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), apontou o reforço da “cumplicidade” entre os Estados-membros como uma das conquistas do seu mandato.
“Hoje existe muito maior cumplicidade entre os estados-membros”, disse Jorge Carlos Fonseca, num discurso na sessão de abertura a XIII Conferência de Chefes de Estado e de Governo da CPLP, em Luanda.
Na sua intervenção, o chefe de Estado cabo-verdiano discriminou as principais ações da presidência cabo-verdiana, que teve um mandato prolongado de dois para três anos devido à pandemia da covid-19.
“Não obstante as dificuldades económicas e sociais de alguns dos Estados-membros ao longo destes 25 anos de existência, agravadas pela pandemia”, é, “contudo, inegável a prossecução dos objetivos” que levaram à fundação da organização.
Ao longo dos anos, tem-se assistido a “avanços em todos os domínios, designadamente na concertação política e diplomática, que permitiu uma melhoria significativa da afirmação” dos países lusófonos “na cena internacional”.
A concertação diplomática permitiu “inúmeras candidaturas de consenso”, com “dinâmicas ganhadoras” à liderança de organizações internacionais e regionais, com um resultado “firme” para todos, disse Fonseca.
“Os Estados-membros falaram a uma só voz, ganhando dimensão e influenciando o curso dos acontecimentos” da cena internacional.
Nos seus três anos de mandato, Cabo Verde promoveu uma “busca de soluções comuns”, nas áreas da “justiça, segurança, saúde, formação profissional, ambiente, energias renováveis, recursos hídricos, agricultura, economia marítima, educação, ciência e tecnologia”, disse.
A cooperação entre organizações da sociedade civil foi também destacada pelo chefe de Estado de Cabo Verde, permitindo, no seu entender, um “movimento crescente de aproximação e colaboração” com os cidadãos, e alargando o “prestígio granjeado da comunidade”, que tem levado “Estados terceiros a aproximarem-se” da organização, numa referência à mais de uma dezena de pedidos de entrada de países observadores.
A CPLP tem um “forte potencial geoestratégico e geoeconómico”, recordou Jorge Carlos Fonseca, que destacou também o trabalho na promoção do português, que já é reconhecida “como língua de trabalho em várias organizações internacionais e regionais”.
O grande destaque do mandato é o acordo da mobilidade dentro da CPLP, que irá definir um roteiro de ação para cada país, na abertura à passagem dos cidadãos doa comunidade.
Cabo Verde definiu como prioridade em 2019 que a “CPLP seja um espaço de livre circulação de pessoas e de comércio”, recordou Fonseca.
“Consideramos que a livre circulação dos cidadãos da comunidade, a potenciação do valor económico da língua portuguesa e a projeção da cultura são elementos-chave para uma maior consolidação da CPLP”, salientou.
O “mercado comum da arte e da cultura da CPLP” foi outro dos temas destacados pelo chefe de Estado, que voltou a insistir na bandeira da língua.
“A celebração dos primeiros 25 anos, acima de tudo, é uma celebração da unidade da língua portuguesa, do respeito pela diversidade cultural e o diálogo entre as culturas”. A “sua força é a sua unidade construída a partir da diversidade”, num “processo enriquecedor dos Estados que a compõem”, acrescentou Jorge Carlos Fonseca.
Num discurso que dedicou alguns minutos às artes, Jorge Carlos Fonseca elencou vários nomes da literatura lusófona, numa “viagem comum, feita pelos remadores das letras e ao som” dos instrumentos musicais tradicionais de cada um dos países lusófonos.
No final, passou o testemunho a Angola, que irá presidir a partir da cimeira de hoje à organização.
“Cabo Verde tem a enorme honra e a grande satisfação de passar o testemunho ao país irmão que é Angola, augurando-lhe os maiores sucessos”, disse o Presidente cabo-verdiano, terminando a desejar uma “longa e profícua vida à CPLP”.
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