O Presidente da República de Cabo Verde afirmou hoje que existe no país "uma desigualdade no acesso a água entre o rural e o urbano", com consequências geradoras de tensão, e apontou a dessalinização como o "caminho a seguir".
Numa mensagem alusiva ao Dia Mundial da Água, que hoje se assinala, Jorge Carlos Fonseca disse que a desigualdade no acesso a água entre o rural e o urbano em Cabo Verde traduz-se "no intervalo da intermitência no abastecimento, na quantidade e, por vezes, na qualidade da água distribuída".
"Esta distribuição intermitente é, potencialmente, geradora de tensão, de conflito entre zonas e entre famílias porque agudiza a concorrência entre elas pelo facto de, num contexto de escassez, a água ser um bem não cooperativo", prosseguiu.
Para o chefe do Estado cabo-verdiano, "a dessalinização generalizada da água do mar, associada, sempre que possível, à utilização de energia renovável, é uma solução plausível para que o país resolva, simultaneamente, o problema da escassez da água e da desigualdade na sua distribuição".
Por isso, defendeu que "os projetos de dessalinização em curso e outros que deverão ser promovidos assumem um caráter estratégico na construção de uma sociedade justa".
"A dessalinização é, de facto o caminho a seguir dado que, no nosso país, a questão da equidade na distribuição da água assume um caráter moral porquanto, enquanto se reconhece escassez no meio rural, há desperdício no meio urbano que interpela a nossa consciência pelo dever de solidariedade e sentido de responsabilidade perante o volume do investimento financeiro e humano feito para fazer funcionar as torneiras em cada agregado familiar".
Na mensagem, Jorge Carlos Fonseca recordou que atualmente 2.100 milhões de pessoas no mundo, incluindo uma em cada quatro crianças, em idade escolar, não têm acesso a água potável.
Para o Presidente da República cabo-verdiano, "uma educação pela via da informação e formação do cidadão deverá resultar numa mudança de atitude que se traduza na redução substancial do desperdício da água nas cidades e suas periferias".
Simultaneamente, sublinhou, "deve-se proporcionar aos agricultores formação e informação de maneira a preferirem culturas outras que as de irrigação intensiva".
"Esta formação dos agricultores, que engloba também transferência de conhecimento sobre gestão da água é crucial para que os esforços de mobilização da água e de conservação de solos tenham algum resultado tangível", acrescentou.
Conosaba/Lusa
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