segunda-feira, 4 de junho de 2018

«OPINIÃO» "RESISTÊNCIA CULTURAL COMO SAÍDA PARA GUINÉ-BISSAU?" - SALOMÃO MOREIRA FOCNA


A situação que o nosso país se encontra hoje deixa a desejar, os dirigentes e responsáveis para tomada das decisões (rumo) do país, como sempre, andam a decepcionar e adiar o futuro dos guineenses. Como é sabido, a Guiné-Bissau desde a sua independência passou por momentos de vai-e-vem, que não permitiram o país crescer economicamente e consequentemente agravou situação social e cultural. Devemos repensar o nosso país, como costuma dizer os nossos mais velhos “SI BU KA SIBI NUNDE KI BU NA BAI, LEMBRA NUNDE KI BU SAI”. Sem pressa devemos refletir sobre as situações que não nos permitem “desenvolver”, pois podemos passar o dia todo numerando causas de instabilidade na Guiné-Bissau, o que não devemos perder de vista é de onde saímos, a nossa independência custou vidas de várias pessoas que acreditaram num futuro melhor para todos os guineenses. Após a independência, o país encontrou dificuldades para resolver os seus problemas e estamos perdendo legitimidade da nossa soberania, por conta dessa dependência financeira externa. A crise que o país enfrenta é causada por problemas internos e externos, no qual devemos nos proteger contra tudo e todos, ou seja, (re)começar a cultivar espirito de guineidade, que vai nos possibilitar enfrentar esses problemas como um só povo. 

O nosso herói Amílcar Cabral, desde início da sua andança para libertação da Guiné e Cabo-Verde, sempre chamou atenção sobre essa unidade (ermondade), unidade essa que construímos durante a luta de libertação nacional e nos proporcionou “ser guineense”. Mesmo com diversidades culturais e étnicas que se encontra no país, o movimento de libertação nos dá uma única identidade; nos uniu por uma única causa. Por outro lado, essa diversidade étnica nos torna mais rico culturalmente e os valores culturais foram a nossa melhor arma para a resistência contra o domínio estrangeiro, e devemos cultivar esses valores para serem ferramentas na resolução dos nossos problemas atuais. Essa resistência cultural vai assumir um papel muito importante, na forma de pensar a política, a economia e a nossa sociedade duma forma geral. Assim, vai nos possibilitar desenvolver o nosso país e adequar o nosso desenvolvimento em conformidade com a nossa sociedade. 

Com isso, livraremos desse pseudodesenvolvimento importado de ocidente. Devemos pensar o desenvolvimento com expansão da liberdade, como mostra o economista indiano Amartya Sen (2010), “o desenvolvimento requer que retiramos todo tipo de meio que pode privar a liberdade: pobreza, tirania, carência de oportunidades econômicas, negligencia dos serviços públicos e intolerância ou interferência excessiva de estados repressiva”. O desenvolvimento é mais que simples crescimento econômico, envolve bem-estar da população; redução da pobreza; melhor distribuição de renda, igualdade de gênero, educação; saúde etc. O país está precisando de uma mudança profunda, principalmente no que toca as oportunidades para as pessoas, acesso à educação, a saúde e a segurança. O governo e a sociedade civil devem assumir as suas responsabilidades, a população tem direito de exigir liberdade ao governo, caso ao contrário, temos direito à “REVOLUÇÃO”. 

Temos direito à REVULOÇÃO !!!!!! 

Por: Salomão Moreira Focna 

Bacharelado em Humanidades/UNILAB 

Referencias: 

SEN, Amartya. Desenvolvimento como liberdade. 1ªed: companhia das letras. São Paulo, 2010. 

LOCKO, John. Segundo Tratado sobre governo civil; tradução Marley de Marco Dantas. São Paulo: EDIPRO, 2014.

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