sexta-feira, 22 de junho de 2018

MUDANÇA DE MEMORIAL AMÍLCAR CABRAL GERA POLÉMICA EM CABO VERDE

Uma proposta da autarquia da Praia para mudar o memorial Amílcar Cabral está a gerar polémica e a ser contestada por familiares e companheiros de luta do líder histórico das independências da Guiné-Bissau e Cabo Verde.

A existência do projeto, inicialmente noticiada pelo jornal A Nação, foi confirmada hoje à agência Lusa pelo presidente da Câmara Municipal da Praia, Óscar Santos, adiantando que a proposta da autarquia será submetida para apreciação por parte da sociedade.

Segundo Óscar Santos, a ideia é dar melhor localização e visibilidade ao memorial, atualmente situado na zona do Taiti, bairro da Várzea, próximo da biblioteca nacional e a poucos metros do Palácio do Governo.

“Existe este sentimento de uma estátua que está escondida num sítio que não é central”, disse Óscar Santos, considerando que a questão é saber “se é possível ou não a sua transladação para um sítio mais central, sendo um herói nacional, para ter mais visibilidade”.

O autarca sublinhou que nada está ainda decidido e que a questão será discutida “sem complexos e sem partidarização”.

“Vamos discutir desapaixonadamente para ver se as pessoas concordam ou não. Mas ainda não há uma decisão definitiva”, clarificou Óscar Santos.

Na reportagem, A Nação indicava como local proposto para acolher o memorial, que inclui uma estátua em bronze de Amílcar Cabral e um museu, a rotunda do “Homem de Pedra”, numa das principais avenidas da cidade da Praia e a menos de 500 metros do atual local.

Questionado sobre essa possibilidade, o presidente da câmara da Praia disse que ainda não há uma decisão sobre o local.

“A questão essencial que deve ser discutida é a localização da estátua. Essa é a questão de fundo: está bem ou não localizada? Pode ser colocada num sítio melhor, com mais visibilidade? Sim ou não? O resto, de sítio menor ou maior, isso é questão de os engenheiros verem e trabalharem os projetos”, disse, considerando que não é preciso pânico nem alarme.

A proposta de mudança do memorial é contestada pela a Associação dos Combatentes da Liberdade da Pátria (ACOLP), uma das organizações a quem a autarquia já apresentou o projeto.

O presidente da ACOLP, Carlos Reis, disse à agência Lusa que recebeu um “convite” do presidente da câmara da Praia para tomar uma posição sobre a proposta, adiantando que esta foi “analisada longamente” em assembleia-geral realizada no fim de semana.

Para a ACOLP, a proposta é “despropositada e destituída de qualquer justificação legítima” e arrisca “banalizar a figura história e simbólica, nacional, africana e mundial”, de Amílcar Cabral.

Conosaba/Lusa

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