terça-feira, 19 de junho de 2018

«O NASCIMENTO DE “ESCRITOS NO SILÊNCIO”» TEXTO DE JOSÉ LUÍS HOPFFR ALMADA NO LANÇAMENTO

No passado, dia 14 de junho, às 18H30, apesar do jogo inaugural do Campeonato Mundial de Futebol (Rússia/Arábia Saudita) e das obrigações de jejum dos fies muçulmanos, felizmente o nascimento de “Escritos no Silêncio”, que teve lugar no Auditório Armando Guebuza da Universidade Lusófona de Lisboa foi coroado de êxitos.

Um menino de 249 páginas nasceu saudável das mãos do ilustre escritor português Mário Máximo, na presença de um auditório repleto, composto de personalidades: Eng. Domingos Simões Pereira, Prof. Dr. Emílio Kafft Kosta, Prof. Dr. Esmeraldo Almeida, embaixador da UE Victor Santos, Dr. Fernando Maltez, Dr. Carlos Baian, Dra Teresa Almeida, etc.

Durante o parto ouviram-se vozes de Ernesto Dabó, Filomeno Pina, Tony Tcheca, Carina Gomes, Emílio Kafft Kosta, Zélia Vaz, Tete Vaz, Sónia Vaz, Sarita Vaz declamando poemas ao som do ressoar do Korá de Brahima Galissa e do violão do músico brasileiro Maico Silva.

Foi fantástico, excelente, como ilustram estas imagens. Um verdadeiro momento de júbilo. Nas palavras do parteiro Mário Máximo, a liberdade, a cidadania, a democracia e o amor foram cantados. Foi emocionante, sem igual...

O meu muito obrigado a todos aqueles que diretamente e indiretamente me apoiaram para que a sessão de lançamento fosse um sucesso.

Lisboa, 15 de junho de 2018 
Carlos Vaz
TEXTO DE JOSÉ LUÍS HOPFFR ALMADA NO LANÇAMENTO
Uma parte do texto:
"Foi pois nessas circunstâncias paradoxais que conheci o Carlos Vaz. Paradoxais, porque, durante todo o período da vigência do projecto da unidade Guiné-Cabo Verde, poucos foram os guineenses que frequenta(v)ram as ilhas de Cabo Verde. Foi com o golpe de estado de 14de Novembro de 1980, que os guineenses (tanto os de origem caboverdiana como outros conotados com o regime do Presidente Luís Cabral) passaram a frequentar mais assiduamente as nossas ilhas sahelianas. Essa presença reforçou-se com o assassinato de Paulo Correia, Viriato Pã e outros, tornando-se depois notória com o êxodo adveniente da guerra civil de 1998/1999. Durante todos os anos oitenta e noventa, os caboverdianos espantaram-se, e depois habituaram-se, com a presença nas ilhas de africanos continentais, séculos depois de terem fecundado a sua identidade crioula “no forte sangue africano”, como diria Jorge Barbosa, dos seus antepassados negros dos Rios da Guiné do Cabo Verde, trazidos em condições desumanas e cruéis para a desolação e o cativeiro escravocrata do arquipélago meso-atlântico.

Mestiço de olhos azuis, casado com uma médica caboverdiana e, depois, com uma mestiça sueca de origem caboverdiana que conheceu nas ilhas, creio que Carlos nunca teve que passar pelas agruras resultantes dos preconceitos racialistas e culturalistas contra os chamados Mandjacos, denominação atribuída pelos crioulos ilhéus de todas as feições, cores de pele e texturas dos cabelos, aos originários do nosso continente, mormente se muçulmanos e/ou animistas, em suma, se mouros, ou não baptizados na fé cristã) e, pior, se envergando trajes ou outros traços identitários exteriores que sublinhavam a diferença em relação aos ilhéus.

Pelo contrário: a sua integração na sociedade caboverdiana parece ter decorrido da melhor forma possível.

Jornalista da Televisão caboverdiana (a então célebre TVEC, de que foi, aliás um dos fundadores), pôde percorrer Cabo Verde de lés a lés de (quase) todas as suas ilhas habitadas. Homem de teatro, com formação superior específica na área pela Escola Superior de Teatro e Cinema de Lisboa, pôde somar os seus esforços aos esforços de outras entidades (como o grupo teatral OTACA, da minha Assomada natal, e a JAAC-CV) e, assim, contribuir para a emergência e a consolidação de um teatro caboverdiano, hoje internacionalmente reconhecido graças ao muito meritório labor de um outro arribado às ilhas, por elas seduzido e nelas completamente emerso, o João Branco. “ 

























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