Dificilmente o meu progenitor irá “virar a casaca”, isto é, militar noutro partido, salvo por razoes de força maior, apesar de no dicionário politico não existir o termo NUNCA, aliados ou adversários permanentes. Ele foi, é, e vai continuar a ser militante do PAIGC por se rever nos ideais que estiveram na origem da gloriosa luta armada de libertação nacional, brilhantemente conduzida pelo génio e imortal líder, Amílcar Lopes Cabral.
Estou confuso, e não podia ficar indiferente àquilo que se passa no maior partido político do país, o partido dos “camaradas”, o partido libertador, partido de que todos somos devedores por aquilo que hoje somos, e em relação ao qual devemos ser eternamente gratos, o PAIGC.
A democracia interna existe no PAIGC e as vastas avenidas de mobilidade vertical, em termos de progressão aos vários escalões do partido, estão abertas e acessíveis a qualquer militante, incluindo à sua liderança, desde que reúna os requisitos exigidos pelos estatutos.
É verdade que o PAIGC está a atravessar um período um pouco conturbado, mas isso não significa que esteja moribundo. E quem assim pensa, está longe de conhecer as dinâmicas desse grande partido, partido que sempre tem promovido o pluralismo, em todos os aspectos, partido de oportunidades iguais, independentemente da raça, da região, da cor, da condição sócio
Económica. Por outras palavas, partido que nunca se confunde com uma comunidade étnica ou confissão religiosa, porquanto esses males que roem o tecido social africano foi combatido muito cedo, para podermos viver hoje na paz, na unidade e na coesão social.
A vida partidária me parece estar bipolarizada. Uma parte dos militantes e dirigentes insurgiram-se ou reclamam o afastamento do actual líder, aliás, da actual direcção do PAIGC, voltando o contador a “zero”, pondo-se assim em causa todos os gigantescos esforços levados a cabo até à data, nomeadamente, as assembleias de base que permitiram a escolha dos delegados ao congresso, a extinção da respectiva comissão organizadora, etc..
Será esta a via mais aconselhável para conquistar a liderança de uma formação política, a fortiori, de um partido tao bem estruturado como é o PAIGC, sobretudo quando estamos à porta do congresso?
As opções não se discutem, e cada um é livre de fazer a sua escolha. É normal que esses militantes e dirigentes se organizem e apresentem um candidato para enfrentar nas urnas o DSP, mas ao ponto de pedirem a sua cabeça! Isso não! Kinku fiança pá i ria campo.
Com que direito?
O DSP, para liderar o partido, foi eleito em congressos disputados e ele está mais do que consciente de que é em congresso que poderá ser derrotado por um challenger que venha a merecer a confiança do maior número dos congressistas. O porquê então dessa precipitação, como se a Guiné-Bissau vai mudar de lugar ou se o PAIGC vai emigrar?
Como disse atrás, não julgo as escolhas ou opções e nem me assiste esse direito, sobre um militante interessado em liderar o PAIGC, porque fazemos a política para nos promovermos, daí a razão de reconhecer a legitimidade de quem queira concorrer contra o DSP.
O que condeno é essa teoria de complot fora de moda, da parte de pessoas muitas das quais pouca confiança inspira, e cuja passagem pelo aparelho do estado no passado não muito longínquo fez deitar muitas lágrimas e feridas incuráveis.
Não ponho em causa a sua capacidade, experiência, militância e dedicação desses senhores, em defesa daquelas camadas sociais que o Franz Fanon chamava de “lês demnées de la terre”, “os condenados da terra”, os “sem-voz”, mas sim a sua legitimidade em fazer tais exigências, como se o PAIGC fosse “Nhá Joana” (desculpem e grosseirice).
Mas afinal o que é que esses camaradas têm para oferecer, que ontem não ofereceram?
Deixemos o PAIGC em paz!
Deixemos o DSP em paz!
Quem entender que está a altura de enfrentar o DSP, que se organize e espere pelo congresso que, contra ventos e marés, acabará por ser realizado, e permitir ao partido participar nas eleições e recuperar o poder que conquistou nas urnas e que lhe foi abusivamente confiscado.
Qual é a moral que certas dessas pessoas bem conhecidas nesta nossa praça, pelo papel sujo que sempre desempenharam junto de “chefes” que estiveram a frente desta nação, para se apresentarem hoje a exigir que o capitão do barco abandone o barco em pleno oceano?
Que tenham responsabilidade!
Vamos ao congresso, e deixemos as regras do jogo fale mais alto, para no final, legitimar aquele que vier a ganhar. É isso a democracia, um dos princípios que regem o partido libertador.
Tirem o vosso cavalinho da chuva, pabia i pubis ca burru!
VIVA GUINENDADI!
Por: yanick Aerton
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