O
IDE (Investimento Directo Estrangeiro) é definido como uma categoria de
investimento internacional realizado por uma unidade residente num país
(Investidor Directo), com o objectivo de estabelecer o interesse duradouro num
empreendimento residente num país diferente daquele onde se encontra registado
o investidor (empresa do investimento Directo). Fonte: FMI
O investimento directo estrangeiro (IDE)
aumenta a formação bruta de capital fixo na economia, aumenta os influxos
duradouros do capital, cria know-how, aumenta a diversidade e a competitividade
da economia, é gerador de empregos tendencialmente qualificados e bem
remunerados, aumenta potencialmente a capacidade de exportação do pais.
Para a economia guineense, é vital o
investimento directo estrangeiro, isto é, aquele que cria empregos e riqueza para
o país. A sua importância é tanto maior quanto o investimento empresarial dos
guineenses tem andado muito baixo.
O investimento directo estrangeiro
frequentemente não traz só o capital, que entre nós escasseia, mas pode trazer,
também, mercados externos, tecnologias avançadas, métodos de gestão mais
eficazes do que aqueles que predominam na Guiné-Bissau.
Embora este ano os fluxos de
investimento directo estrangeiro em África tenham registado um décrescimo de 7%
em relação a 2017, totalizando 54 mil milhões de dólares, as expectativas estão
elevadas.
O Investimento Directo Estrangeiro cria
oportunidades mas também gera riscos.
Constato que é comum que os investidores
façam recurso dos indicadores globais para estudarem as oportunidades do IDE
num país identificado, focando em três factores fundamentais: ambiente de
negócios, nível de corrupção e nível de competitividade. Com base na definição
de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas, os indicadores utilizados
para examinar o impacto do IDE são: PIB, Desenvolvimento das infraestruturas, corrupção,
desemprego, pobreza, e a taxa de desigualdade, entre outros.
No caso da Guiné-Bissau, o investimento
directo estrangeiro é nulo devido a várias razões entre as quais:
ü Crescente
instabilidade Politica (risco país)
ü Burocracia no
aparelho de Estado
ü Deficiência da
base estatística nacional
ü Justiça ineficiênte
Vamos
por partes: O País está a viver desde 2014
momentos de turbulência política e económica, sendo por isso normal que a
insegurança cresça entre os investidores de uma maneira geral. Nestas circunstâncias,
nenhum investidor vai querer deslocalizar os seus activos para o nosso país.
Quanto à burocracia, os países desenvolvem-se
com a proliferação de pequenas e médias empresas, mas a Guiné-Bissau ainda não
ultrapassou o problema da burocracia, onde se observam dificuldades em várias
vertentes. Defendo o combate à burocracia para que se estimule o investimento
directo estrangeiro.
Deficiência da base estatística- A nossa
economia é gerida com dificuldades de obtenção de dados estatística, sabendo
nós que a economia é sustentada com base em dados estatísticos. O
desenvolvimento do sistema estatístico
do país é uma questão que deveria estar entre as prioridades do governo, que
atribuiria a particular atenção à produção de dados fiáveis que ajudem o país a
gizar boas politíticas económicas.
Justiça Ineficiente- Um sistema de
justiça mais eficiente permitiria a Guiné captar mais investimento do que hoje
atrai. Parece me a mim, que o nosso país está mais preocupado com a justiça
penal, do que a económica,que têm grandes implicações na vida das empresas e
que afectam em muito a sua competitividade.
Ora, até 2020 iremos ser rodeados pelos
dois gigantes económicos da África Ocidental, tratam-se do Senegal e da
Guiné-Conakry. O Senegal em 2020 passará a produzir 1.000 barris do petróleo
por dia e a Guiné-Conakry irá produzir 600 mil toneladas de bauxite por dia,
quer isto dizer, se não invertermos o nosso comportamento em várias linhas
continuaremos a estar economicamente submissos a estes dois países.
Nesta senda, somos obrigados a atrair o investimento
directo estrangeiro ou apostemos na transformação local das nossas commodities
para que possamos ficar numa posição de convergência com os países da
UEMOA/CEDEAO.
Espero que o governo que saia das
próximas eleições legislativas faça acções promotoras do aumento do
investimento directo estrangeiro como sejam:
Ø Simplificando os
processos para o estabelecimento de investidores estrangeiros, passando pela
definição do ‘’Estatuto do Investidor Estrangeiro‘’ incluindo o regime de
concessão de vistos e de autorização de residência;
Ø Conceder elevada
prioridade e apoio ao IDE portador de conhecimento, tecnologia e mercados,
Ø No âmbito de uma
agenda nacional para as exportações, promover fortemente o IDE nos sectores da
agricultura, pescas, indústrias transformadoras, assim o país poderá facilmente
criar vantagens comparativas.
Assim sendo, urge a necessidade de
criação de reformas estruturais para a captação de Investimento Directo
Estrangeiro que ajudariam a compensar os desequilibrios da economia guineense.
Tais reformas resultariam na resolução da não dependência da nossa economia de
uma só commodity que é a Castanha de Caju.
O cenário actual demonstra que a
Guiné-Bissau está numa encruzilhada económica porque a exportação da castanha
de caju está aquém das expectativas, o sector privado encontra-se descapitalizado
e desorientado, o investimento privado inexistente, fraca colecta de receita do
Estado proviniente de três áreas fundamentais (DGCI, Alfândegas e Administração
dos Portos da Guiné).
A nível global, a análise anual do
Relatório sobre o Investimento Mundial indica que nenhum País africano está no
top 20 dos principais países beneficiários do IDE do mundo.
Este ranking é liderado pelos EUA com
380 mil milhões de dólares de IDE, mais 255% do que em 2017.
Se não há investimento, não há poder de
compra. Não havendo poder de compra, não há consumo. Não havendo consumo,
obviamente que não haverá crescimento sustentavél em nenhuma economia do mundo.
Por isso, vale a pena repensar o nosso modelo económico apostando no INVESTIMENTO DIRECTO ESTRANGEIRO (IDE).
Mestre :
Aliu Soares Cassamá
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