terça-feira, 20 de novembro de 2018

"INVESTIMENTO DIRECTO ESTRANGEIRO (IDE): A SOLUÇÃO PARA RESGATAR A NOSSA ECONOMIA?" - MESTRE: ALIU SOARES CASSAMA


O IDE (Investimento Directo Estrangeiro) é definido como uma categoria de investimento internacional realizado por uma unidade residente num país (Investidor Directo), com o objectivo de estabelecer o interesse duradouro num empreendimento residente num país diferente daquele onde se encontra registado o investidor (empresa do investimento Directo). Fonte: FMI

O investimento directo estrangeiro (IDE) aumenta a formação bruta de capital fixo na economia, aumenta os influxos duradouros do capital, cria know-how, aumenta a diversidade e a competitividade da economia, é gerador de empregos tendencialmente qualificados e bem remunerados, aumenta potencialmente a capacidade de exportação do pais.

Para a economia guineense, é vital o investimento directo estrangeiro, isto é, aquele que cria empregos e riqueza para o país. A sua importância é tanto maior quanto o investimento empresarial dos guineenses tem andado muito baixo.

O investimento directo estrangeiro frequentemente não traz só o capital, que entre nós escasseia, mas pode trazer, também, mercados externos, tecnologias avançadas, métodos de gestão mais eficazes do que aqueles que predominam na Guiné-Bissau.

Embora este ano os fluxos de investimento directo estrangeiro em África tenham registado um décrescimo de 7% em relação a 2017, totalizando 54 mil milhões de dólares, as expectativas estão elevadas.

O Investimento Directo Estrangeiro cria oportunidades mas também gera riscos.

Constato que é comum que os investidores façam recurso dos indicadores globais para estudarem as oportunidades do IDE num país identificado, focando em três factores fundamentais: ambiente de negócios, nível de corrupção e nível de competitividade. Com base na definição de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas, os indicadores utilizados para examinar o impacto do IDE são: PIB, Desenvolvimento das infraestruturas, corrupção, desemprego, pobreza, e a taxa de desigualdade, entre outros.

No caso da Guiné-Bissau, o investimento directo estrangeiro é nulo devido a várias razões entre as quais:
ü  Crescente instabilidade Politica (risco país)
ü  Burocracia no aparelho de Estado
ü  Deficiência da base estatística nacional
ü  Justiça ineficiênte

Vamos por partes:  O País está a viver desde 2014 momentos de turbulência política e económica, sendo por isso normal que a insegurança cresça entre os investidores de uma maneira geral. Nestas circunstâncias, nenhum investidor vai querer deslocalizar os seus activos para o nosso país.
Quanto à burocracia, os países desenvolvem-se com a proliferação de pequenas e médias empresas, mas a Guiné-Bissau ainda não ultrapassou o problema da burocracia, onde se observam dificuldades em várias vertentes. Defendo o combate à burocracia para que se estimule o investimento directo estrangeiro.

Deficiência da base estatística- A nossa economia é gerida com dificuldades de obtenção de dados estatística, sabendo nós que a economia é sustentada com base em dados estatísticos. O desenvolvimento do sistema  estatístico do país é uma questão que deveria estar entre as prioridades do governo, que atribuiria a particular atenção à produção de dados fiáveis que ajudem o país a gizar boas politíticas económicas.

Justiça Ineficiente- Um sistema de justiça mais eficiente permitiria a Guiné captar mais investimento do que hoje atrai. Parece me a mim, que o nosso país está mais preocupado com a justiça penal, do que a económica,que têm grandes implicações na vida das empresas e que afectam em muito a sua competitividade.

Ora, até 2020 iremos ser rodeados pelos dois gigantes económicos da África Ocidental, tratam-se do Senegal e da Guiné-Conakry. O Senegal em 2020 passará a produzir 1.000 barris do petróleo por dia e a Guiné-Conakry irá produzir 600 mil toneladas de bauxite por dia, quer isto dizer, se não invertermos o nosso comportamento em várias linhas continuaremos a estar economicamente submissos a estes dois países.

Nesta senda, somos obrigados a atrair o investimento directo estrangeiro ou apostemos na transformação local das nossas commodities para que possamos ficar numa posição de convergência com os países da UEMOA/CEDEAO.

Espero que o governo que saia das próximas eleições legislativas faça acções promotoras do aumento do investimento directo estrangeiro como sejam:

Ø  Simplificando os processos para o estabelecimento de investidores estrangeiros, passando pela definição do ‘’Estatuto do Investidor Estrangeiro‘’ incluindo o regime de concessão de vistos e de autorização de residência;

Ø  Conceder elevada prioridade e apoio ao IDE portador de conhecimento, tecnologia e mercados,
Ø  No âmbito de uma agenda nacional para as exportações, promover fortemente o IDE nos sectores da agricultura, pescas, indústrias transformadoras, assim o país poderá facilmente criar vantagens comparativas.

Assim sendo, urge a necessidade de criação de reformas estruturais para a captação de Investimento Directo Estrangeiro que ajudariam a compensar os desequilibrios da economia guineense. Tais reformas resultariam na resolução da não dependência da nossa economia de uma só commodity que é a Castanha de Caju.

O cenário actual demonstra que a Guiné-Bissau está numa encruzilhada económica porque a exportação da castanha de caju está aquém das expectativas, o sector privado encontra-se descapitalizado e desorientado, o investimento privado inexistente, fraca colecta de receita do Estado proviniente de três áreas fundamentais (DGCI, Alfândegas e Administração dos Portos da Guiné).

A nível global, a análise anual do Relatório sobre o Investimento Mundial indica que nenhum País africano está no top 20 dos principais países beneficiários do IDE do mundo.
Este ranking é liderado pelos EUA com 380 mil milhões de dólares de IDE, mais 255% do que em 2017.

Se não há investimento, não há poder de compra. Não havendo poder de compra, não há consumo. Não havendo consumo, obviamente que não haverá crescimento sustentavél em nenhuma economia do mundo. Por isso, vale a pena repensar o nosso modelo económico apostando no INVESTIMENTO DIRECTO ESTRANGEIRO (IDE).

Mestre : Aliu Soares Cassamá



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