Ciro
Com Ciro, improviso e disciplina tática fundem-se e dão origem a arte. Eterno embaixador do futebol guineense, maravilhou a Guiné-Bissau e África Ocidental com magia, instinto e génio. Os dribles, rápidos e ziguezagueantes fizeram o jogador do outro planeta.
Para uns ele é o melhor jogador de todos os tempos da Guiné e para outros ele é um dos melhores jogadores de todos os tempos. Para mim arriscaria dizer que ele é o melhor jogador da sua geração.
Nascido em Bolama, Ciro José da Costa começou a jogar na Estrela Negra de Boloma, onde jogou duas épocas, na segunda época foi chamado à seleção nacional, despertando assim, o interesse dos rivais de Bissau. No terceiro ano veio para Bissau como representante do Sporting.
Falar de Ciro é falar da elegância pura e da eficácia ao serviço de futebol. O jeito único como corria e colocava os pés na relva fazia lembrar verdadeiros passos de bailado.
O “génio” mas sempre fundamental, regista predicado: adjetivo e influência no jogo para a transição ofensiva, após escorar a defesa, o que, numa equipa e em muitos de competição, são atributos que podem superar o talento episódico a emergir aqui, ou ali, deste ou daquele jogador. Um regular, um em que se confia cegamente, a bússola, o guia, o lúcido. Ciro foi tudo isso. Um jogador por excelência a marcar a função como poucos. Por isso, um exemplo, pelo raio de ação em campo, o sentido de equilíbrio tático que hoje o lugar exalta para quem o ocupa. Um génio jogador, uma posição, uma carreira regular.
Não pensa que a sua passagem pelo futebol português lhe tirou algum mérito futebolístico, não! As pessoas conhecedoras do futebol sabem que foi um acidente do percurso da vida. O que aconteceu com ele aconteceu com muitos jogadores, nomeadamente Ian Rush, que era autêntica lenda viva em Liverpool pouco antes de completar 29 anos em 1984. Este jogador transferiu-se para Inter de Milão por cerca de 1,2 milhões de contos (equivalente a 6 milhões de euros), até então considerado verba recorde para o mercado italiano. No entanto, não conseguiu responder à altura do investimento efetuado pelo clube, onde fez três épocas. Apesar disso, ao regressar para Liverpool, continuou a ser considerado a mesma lenda viva.
Para nós, Ciro foi o menino de ouro do seu tempo. Como grandes jogadores do seu tempo pouco ou nada ganhou desportivamente. Melhor elogio que se pode fazer à sua figura emblemática, um dos melhores jogadores de sempre da Guiné-Bissau, que o seu nome será lembrado de geração em geração, como a cidade santa do islamismo, Timbukto ( Mali), que subiu durante séculos a montanha do esplendor e a sua aura permaneceu intocável até aos nossos dia. Que seja assim o seu nome uma lenda viva.
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