O líder do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), Domingos Simões Pereira, desafiou os militantes do seu partido a transformarem as suas vidas numa missão ao serviço do povo e da Guiné-Bissau, rejeitando comportamentos desviantes que põem em causa a memória de combatentes da liberdade da pátria.
Simões Pereira dirigia-se, esta quinta-feira, 24 de setembro de 2020, aos dirigentes e militantes do PAIGC por videoconferência, por ocasião da celebração da data de independência.
O presidente do PAIGC sublinha que “não podemos ter um discurso positivo e temos um comportamento que não tem nada a ver com o nosso discurso. Devemos alinhar o que falamos, vivemos e o que somos”, afirmando que quem quer ser líder de um povo e quem quer estar à frente do povo não pode ter momentos em que se comporta como líder, a sua vida deve estar dedicado ao serviço do povo.
“Portanto, devemos dizer que, aqueles militantes que estão prontos a entregarem-se, porque os seus interesses pessoais estão em causa, ao ponto de os deputados da nação, eleitos na lista do PAIGC, disserem que vão juntar-se à oposição do nosso partido, porque as vantagens pessoais que estavam a espera, não foram consagrados e entregues. Pessoas que dizem que a traição deveria ter outro nome, porque têm dificuldades de sobreviver” acusou, para de seguida afirmar que “cada vez que nós tivermos este comportamento é como uma lança que espetamos no coração dos nossos combatentes da liberdade da pátria, porque estamos a dizer-lhes que afinal aquela entrega da sua juventude, perderam a sua juventude para que nós a utilizássemos em benefício próprio, em benefício da nossa pessoa e da nossa família. Isto não é ser dirigente do PAIGC e herdeiro de combatente da liberdade da pátria”.
Para Domingos Simões Pereira, é um “insulto aos combatentes da liberdade da pátria”, quando a medalha Amílcar Cabral é entregue, por conveniência, às pessoas que nunca se identificaram com a ideologia de luta que foi conduzida por Amílcar Cabral, só porque podem ter vantagens pessoais.
Sobre a inauguração das avenidas com os nomes dos presidentes do Senegal e da Nigéria, Domingos Simões Pereira disse que “rebatizar as ruas de Bissau”, substituindo os nomes de combatentes da liberdade da pátria por nomes de pessoas que talvez nos deixem algumas migalhas, no dia em que o país comemora o aniversário da independência, não foi o que motivou a luta dos combatentes da liberdade da pátria que sacrificaram as suas vidas.
“Não é para isso que continuaram a acompanhar-nos, porque todos eles têm netos para criar. Mas continuaram a frequentar a sede porque querem renovar as suas esperanças. Querem renovar as suas convicções de que vão deixar o partido e o país nas mãos das pessoas que partilham as mesmas ideias, os mesmos pensamentos, comportamentos e que estão dispostas a transformar as suas vidas no tal compromisso”, disse.
Por outro lado, Simões Pereira defende que hajam Avenidas de combatentes, Avenida Pedro Pires na Guiné-Bissau, mas não quer que sejam avenidas batizadas de forma simbólica.
“Não! Não queremos que seja simbólica. Queremos que sejam ruas e avenidas bem construídas e que orgulhem os guineenses. Ruas e avenidas que depois de serem reabilitadas: alcatroadas, iluminadas, com jardins e tudo o que for necessário, vamos chamá-las combatentes da liberdade da pátria para que a geração que, posteriormente, assumir a nossa corrida de estafeta, seja capaz de, quando se sentarem ou passarem, dizerem que esta pessoa foi corajosa, porque enterrou a sua juventude para que eu possa usufruir do meu país de forma livre e soberana” insistiu.
Para Domingos Simões Pereira, quando os dirigentes transformam a estrutura de quadros num espaço de discussão para terem lugares de proteção, significa que não estudaram a lição ou estão a ler o livro errado.
“O livro que nos foi entregue foi aquele que Amílcar Cabral chamou “livro de propósito, de valores, de lição, de comprometimento. De excelência para que a excelência lhe garanta as possibilidades de caminhar com os seus próprios pés”. Porque se Cabral buscasse conforto, nunca iria ao mato e nunca faria a luta. Instalava-se em Bissau, na praia ou até em Lisboa e esperava um bom salário, bom carro e um bom lugar. E se ele foi capaz de assumir o desafio que assumiu, é aquela lição que quero que aprendamos. É a lição que devemos ser capazes de incorporar na nossa vida e transmiti-la à geração vindoura” disse.
Domingos Simões Pereira desafia os dirigentes do PAIGC a não permitirem que lhes seja roubada a “importância do setembro vitorioso e da proclamação da independência”, afirmando que “hoje, quando ouvimos partidos que assumem que são oposição ao PAIGC, a dizerem que estão a celebrar o setembro, não devemos ter raiva, ao contrário devemo-nos orgulhar, porque, finalmente, estão talvez a perceber que setembro é superior a cada um de nós, se estivermos divididos. Setembro é de todos nós, quando estamos juntos, enquanto nação e povo”.
Por: Tiago Seide
Conosaba/odemocratagb
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