A União da Cidades Capitais de Língua Portuguesa defendeu hoje que o projeto "Fumu Kaba" na Guiné-Bissau mostrou que cozinhar a gás é "mais saudável" que o carvão, mas ainda é uma alternativa cara para os guineenses.
"O balanço é muito positivo e mostrou que cozinhar a gás é uma alternativa real e positiva e muito mais saudável do que cozinhar a carvão e ficou confirmado que vale a pena enveredar por este caminho", afirmou Luís Machado, da coordenação da UCCLA, na cerimónia de encerramento do projeto em Bissau.
O "Fumu Kaba", orçado em um milhão de euros, foi financiado em 90% pela União Europeia e em 10% pela Galp e teve como objetivo incentivar os guineenses a deixar de utilizar o carvão para cozinhar os alimentos, passando a usar gás.
"O que é preciso é haver uma política energética clara em defesa do gás e ao mesmo tempo em defesa do próprio ambiente da Guiné-Bissau, das florestas da Guiné-Bissau", disse Luís Machado, salientando que só assim será possível ajudar a baixar o preço do gás.
Para Luís Machado, se não houver gás a um preço semelhante ao do carvão a situação não vai melhorar na Guiné-Bissau.
Um saco 50 de quilogramas de carvão custa 3.500 francos cfa (cerca de 5,30 euros) e garrafa de gás de seis quilogramas 6.250 francos cfa (cerca de 9,52 euros).
"Ora se não houver gás que seja a um preço semelhante ao do carvão não há realmente possibilidade. As pessoas sabem o que é positivo do gás. O problema é que as famílias com rendimentos mais baixos não têm possibilidade de adquirir uma botija, que ronda os 6.000 francos, porque isso representa um décimo do rendimento mensal que têm", afirmou Luís Machado.
O projeto, que foi premiado com um Energy Globe Award, foi lançado em 2018 e inclui a distribuição às famílias guineenses de um kit de gás butano, que muitos não têm condições financeiras para adquirir, para os ajudar a enfrentar a transição energética através da confeção de alimentos com uma energia limpa.
O kit é composto por um fogão, um queimador e uma botija de gás de seis quilogramas.
Os dinamizadores do projeto acreditam que esta medida levará a uma redução de 530 mil toneladas de emissões de dióxido do carbono (Co2) e ainda evitará a desflorestação, equivalente de uma área de 100 mil hectares.
Também esperam que com a introdução do gás butano na cozinha, as mulheres passem a ter mais tempo para outras atividades e a trabalhar com uma tecnologia segura, o que terá um impacto positivo na sua saúde.
O projeto beneficiou cerca de 160.000 famílias de Bissau.
Conosaba/Lusa
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