sexta-feira, 25 de setembro de 2020

Ilha de Komo votada ao esquecimento



A ilha de Komo, considerada como um dos símbolos da luta armada desencadeada pelo PAIGC, está votada ao esquecimento total durante todos estes anos e os populares desta localidade vivem ao Deus dará e longe de sentir os ventos de mudança.

Foi nesta zona que os antigos combatentes travaram uma batalha renhida contra as tropas portugueses no início do ano de 1964, batalha que durou 72 horas. A intenção dos militares colonialistas era recuperar esta ilha devido à sua localização geográfica e estratégica, facto que a guerrilha do PAIGC percebeu, tendo oferecido uma resistência tenaz que ceifou centenas de vidas de homens e mulheres. Segundo relato de testemunhas, as tropas portuguesas, mesmo com armamento mais sofisticado, foram repelidos e impedidos de apoderar-se daquela base pelos homens de Amílcar Cabral.

Foi esta determinação e coragem patenteadas pelos antigos combatentes que levou a batalha de Komo a ser considerada como marca da revolução desencadeada pelo PAIGC. Dada a intensidade da batalha, os guerrilheiros só conseguiam cozinhar no período da noite, caso contrário sofreriam ataques do inimigo.

Passados 46 anos da independência, a ilha de Komo transformou-se numa zona mais difícil de acesso devido ao crescente nível de degradação das estradas e falta de meios de transportes, neste caso, de canoas.

O Estado da Guiné, terminada a luta armada, nada tem feito para esses populares que vivem naquela ilha, a começar pela falta de infraestruturas administrativas (Comité de Estado, centros de saúde, esquadra, escolas, entre outros), sem falar da justiça.

Na ausência de tribunais, são os polícias que praticam atos de justiça ou responsáveis administrativos, segundo o que a equipa de reportagem constatou no terreno.

Para além desta situação reportada, um outro problema que mais preocupa as pessoas que vivem na localidade tem a ver com o centro de saúde que não dispõe de capacidade para responder a um maior leque de enfermidades existentes. Perante esta situação, os doentes são evacuados em macas improvisadas daquela ilha para Catió facto que, muitas vezes, provoca a morte de pacientes antes de chegarem ao hospital regional.

Conosaba//jornalnopintcha.gw/

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