A polarização política que se vivi na Guiné é preocupante. A famosa
frase da música, “pequeno no tamanho grande pela fama”. Nosso amado país sempre
faz eco da sua fama. O mês de setembro, que inaugura a nossa soberania enquanto
estado nação1973, devia ser um mês de extraordinária reflexão.
O
recente caso de alguns guineenses, de pisarem nas bandeiras do Senegal e da
Nigéria, como ato incontrolável das emoções política, reforça a ideia de que
muitos jovens vivem um nacionalismo barato.
Sérgio
Buarque de Holanda, um dos melhores historiadores do Brasil, caracteriza o povo
brasileiro como pessoais cordiais. Ou seja, que agem pelo impulso do sentimento
(coração), da mesma intensidade que se amam, é assim que reagem ao antagonismo.
Amam, e desejam com intensidade, é assim que se matam com intensidade por via do
coração. Felizmente, esse paradoxo ainda não constitui campo semântico da nossa
sociedade.
Por
via da política, esse sentimento de agir pelo impulso de coração está crescendo
a cada tempo.
O
caso recente vergonhoso de pisar em bandeiras estrangeiras de dois das maiores
potências militares, econômica e política da região, foi um ato de burrice e sentimento
descontrolado com o nosso país. Bandeira é símbolo cultual de um país, carrega
história e sangue de muitos países. Talvez a leitura de Samuel P. Huntington o
choque das civilizações ajudaria a compreender em que o ato poderia dar. Pois
segundo ele, os conflitos se dão atualmente na base da cultura. Respeitar
qualquer símbolo cultural de qualquer que seja povo, raça ou agregado é saber
respeitar os mitos fundantes e as diversidades que constitui o mundo.
Saber
separar liberdade da libertinagem, é saber agir pela razão e não pelas emoções.
O
caso da mudança da avenida Caetano Semedo para com o nome do presidente
senegalês Macky Sall, exige duas leituras:
Primeiro,
por uma análise a partir de um pequeno panorama histórico do nosso país, sobre
esse impulso de um nacionalismo barato. Segundo, por uma análise com base no
campo das relações internacional que dá ao ato de um mero jogo político.
Por
isso, precisamos lembrar aos nacionalistas baratos que, nunca fomos um povo
desrespeitoso com outros povos e culturas. Por cinco séculos, fomos invadidos,
dominados e colonizados pelos portugueses (europeus). Resistimos, lutamos e com
sangue e suor dos nossos saudosos combatentes, tomamos a nossa independência
territorial. As outras independências, política, econômica e demais, não ouso afirmar
que temos o controle. Por todo esse período da dominação europeia, fomos vistos
e tidos como anormais para não dizer máquinas do trabalho capitalista. Por via
armada, conseguimos nossa independência, fomos gigantes em apertar as mãos com
os colonizadores portugueses. O que me leva ao saudoso Amílcar Cabral com seu
brilhantismo pensamento, “devemos saber separar a ideologia colonialista do
Estado português com o povo português. Ou seja, a guerra é contra a colonização
portuguesa, não contra o povo português”
A
nossa história de relação com outros povos, sempre foi norteado na base de
respeito, reciprocidade e hospitalidade que é a nossa cara. Nunca antes
tenhamos feito atos dessa envergadura. Repudiar esse comportamento, é entender
que atos isolados como o assassinato em 28 de junho de 1914 em Sarajevo do
arquiduque Francisco Fernando herdeiro do império Austro-Húngaro por um
nacionalista, levou o mundo ao conflito, que ceifou milhares de vidas inocentes.
Que ficou denominado como a I Guerra Mundial 1914-1918.
Sentimos
ofendidos quando o Mc Roger usou da fala pejorativo a respeito com o nosso
país. Não façam aquilo que não gostariam que sejam feitas a te.
Eu, Idrissa da
Silva, guineense e estudante de curso de História, repúdio a mudança de nome da
avenida Caetano Semedo para Macky Sall, foi um ato que afronta a nossa história
nacional e como guineense em particular. Pois dar sentido a uma avenida a um
cidadão estrangeiro que nunca radicou no nosso país, foi uma forma de
desmerecer a contribuição dos nossos combatentes de liberdade da pátria. Honrar
os mortos e respeitar os vivos, a Guiné ainda carece desse vocabulário para com
os nossos gloriosos.
Eu, Idrissa da
Silva, guineense e especializando em relações internacionais, compreendo
perfeitamente esse ato. A famosa frase, quem me seduz me controla. Seduzir a
maior potência econômica e política da nossa zona geografia é aliciar e buscar
proveito do jogo política internacional. Compreender o xadrez político é
compreender o ato do presidente Umaro Sissoco Embaló.
Sejam
nacionalistas éticos, e não nacionalistas levianos.
Me encontro em
outra margem da guinendade.
FIDJU DE DJINTI
DA SILVA
Mestrando em
História e especializando em relações internacionais contemporâneas pela UNILA
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