O Tricampeão Africano de luta livre, Augusto Midana, revelou sentir-se desprezado e abandonado pelo Estado da Guiné-Bissau, e avisa que poderá abandonar representar a Guiné-Bissau caso surgir outro país que lhe oferecerá melhores condições de vida
De herói para anonimato assim está sendo o dia-a-dia daquele que foi até agora o maior nome de sempre da luta livre na história da Guiné-Bissau, um dos melhores do continente africano.
Nesta segunda-feira (14), a Radio Sol Mansi (RSM), deslocou-se até “sukutó” tabanca arredores de Nhoma onde vive o tricampeão Africana de luta livre, na categoria de 74 quilos, para conhecer de perto a sua realidade e o seu atual estado emocional.
A viagem foi boa mas a condição em que se encontrou Augusto Midana é espantosa. A reportagem da RSM chegou e viu uma aldeia muito atrasada, em termos de desenvolvimento, mas que nela vive uma perola e uma estrela de luta livre conhecido e reconhecido em toda África e não só.
A nossa reportagem surpreendeu Augusto Midana, que estava bem empenhado nos trabalhos de desabamento da sua casa coberta de palhas.
Prontamente Midana atendeu o pedido de entrevista da Radio Sol Mansi e foi tomar banho, de imediato, numa casa de banho improvisada de palhas de palmeiras, talvez o melhor que existia no local.
Visivelmente desanimado pela forma rápida como é esquecido, “bin’ghate” nome de luta como é chamado Augusto Midana na sua língua materna balanta, que significa em crioulo (é fika), diz sentir-se arrependido e triste por ter representado a Guiné-Bissau, isto tendo em conta a forma como está sendo tratado pelo Estado da Guiné-Bissau isto, atendendo aos vários pedidos que tinha recebido para representar outros países mas que sempre recusou em nome do amor que se sente pela sua pátria.
“Estou muito arrependida porque antes vários países queriam que eu os representasse mas sempre recusei porque não poderia trair o meu país. Queria lutar com esperança num futuro melhor. Todos sabem da minha dificuldade. Peço o governo para ver a minha situação porque eu defendi o meu país em várias situações”.
Augusto Midana está a sentir-se como um profeta que não é reconhecido na sua terra por isso, não fecha a porta a qualquer outro país que viria apresentar-lhe melhores condições.
“Fiz muito e devia ser reconhecido pela Guiné-Bissau se tiver outro país interessado em mim estou disponível. Nenhum elemento da federação preocupa com o meu estado. Prometo trazer para a Guiné-Bissau medalhas sempre que possível”.
Augusto Midana, relevou ainda, em entrevista à RSM, que o presidente da Republica, José Mário Vaz, lhe teria permitido um encontro, uma promessa que lhe levantou as chamas de esperanças, mas que infelizmente nunca chegou de concretizar, não obstantes ter já dado entrada, sem sucesso, a quatro (04) cartas de pedido de audiência com o chefe de Estado guineense.
“O presidente Mário Vaz prometeu manter contacto comigo mas até agora nada. Lesão no meu ombro está bastante melhor e ainda continuo o meu trabalho de lavoura porque fiz o tratamento em Cuba”.
No que se refere as promessas do então governo liderado por Carlos Correia em como passa a pagar-lhe mensalmente um salário no valor de 1 milhão de Francos cfa, a construção de uma casa e afectação de uma viatura, Augusto Midana explica que existem várias especulações sobre este assunto.
“Até agora não recebi nem um 25 franco cfa mas as pessoas continuam ainda a pensar que recebo alguma remuneração do Estado. A motorizada marca TVS que Estado da Guiné-Bissau me deu já está danificada há muito tempo mas, como já disse, não recebi nem dinheiro, nem casa e nem viatura prometida”.
Agosto Midana sagrou-se em 2016, tricampeão africano de luta livre na categoria de 74 quilos.
Participou em dois Jogos Olímpicos, nomeadamente, em 2008 em Pequim e em 2016 nos jogos olímpicos do Brasil.
Fonte: Rádio Sol Mansi com Conosaba do Porto
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