Augusto Gomes, ministro da cultura, juventude e desportos da Guiné-Bissau, conclui a 14 de Abril uma visita a França onde se avistou com organismos como o patronato francófono, uma organização juvenil das diásporas africanas ou ainda a comunidade de etnia manjaca radicada neste país europeu. O governante guineense fez à RFI o rescaldo desta deslocação onde poderá até o Carnaval de Nice, sul de França, vir a inspirar o reforço do primeiro cartaz cultural do seu país.
O ministro da cultura, juventude e desportos da Guiné-Bissau passou ainda a pente fino os temas candentes do momento no seu país passando pelas ameaças de encerramento das rádios Sol Man Si e Jovem, a preparação e as denúncias de dinheiros pouco transparentes nas campanhas em ano de eleições legislativas antecipadas.
Outros temas em destaque foram as comemorações dos 50 anos da proclamação da independência da Guiné-Bissau, assinaladas em 2023 ou o balanço do Carnaval deste ano, assente na integração regional, e perspectivas para o futuro do evento que poderia, mesmo, ter inspiração no célebre Entrudo de Nice, sul de França, um dos mais prestigiosos deste país europeu, bem como a candidatura da capital a Cidades criativas da UNESCO.
Encontro com "Je m'engage pour l'Afrique"
"A nossa visita a França acontece porque estamos a desenvolver uma reforma, ao nível do Ministério da cultura, juventude e desportos, que são áreas essenciais para o estabelecimento da coesão nacional, da paz.Houve o reconhecimento de vários parceiros, situação que nos levou a contactar vários parceiros. Tivemos este encontro com os jovens africanos, aqui na diáspora em França."
"São a juventude que se engaja com o seu continente. Estão a trabalhar com o governo francês. E querem servir-se dessa relação para inflenciar também, dar a sua contribuição para África, em geral, e, cada um, para o seu respectivo país."
Encontro com a comunidade manjaca
"É uma comunidade muito antiga, muito enraizada em França, mas nem por isso deixa de ter uma ligação muito forte com a origem, a zona do Norte da Guiné-Bissau, em geral, o território ocupado por manjacos. Estão a trabalhar com o país no sentido de organizar uma jornada cultural em Maio, 5, 6 e 7 em Basseral."
Eleições legislativas antecipadas
"O governo da Guiné-Bissau até aqui assumiu integralmente os custos inerentes a esse processo eleitoral, mas conta com o apoio dos parceiros, como é natural. A maior preocupação, se calhar, é como os parceiros, os habituais e outros, poderão associar-se a este processo que é muito importante."
Falta de controlo das verbas das campanhas eleitorais
"Isso continua sendo uma questão por resolver porque os financiamentos das campanhas ainda não têm toda uma organização que permita que, no fim dessas mesma campanhas, possa-se apresentar um balanço, a origem dos fundos, essas preocupações todas. "
Bissau candidata a Cidades criativas da UNESCO
"O processo já está em curso, lançámos esse projecto há uns meses atrás. Com uma célula que foi criada, depois da sua aprovação em Conselho de ministros e está-se a trabalhar, com a colaboração de uma consultora portuguesa bastante experimentada nesta matéria que é a Doutora Celeste Afonso que está a acompanhar o governo da Guiné-Bissau. E a UNESCO também já está receptiva a receber essa candidatura da cidade de Bissau. A validação desta candidatura irá acontecer em Outubro deste ano e poderá mudar a realidade que faz com que os músicos guineenses estejam obrigados a sair para o exterior para se realizarem. "
Carnaval de Bissau e Carnaval de Nice
"Queremos internacionalizar o Carnaval da Guiné-Bissau. Portanto é preciso uma estrutura organizativa institucionalizada e assumida pelo governo da Guiné-Bissau, numa perspectiva institucional, mas de sustentação financeira. Que seja prevista uma verba orçamental para o Carnaval da Guiné-Bissau, trabalhar 365 dias para o Carnaval da Guiné-Bissau. Aqui, em França, aproveitámos para falar do nosso Carnaval. E estamos a ver como Nice, que realiza também o Carnaval, pode trabalhar com a Guiné-Bissau, portanto, no reforço da capacidade organizativa e também como podermos, juntos, mobilizar recursos para potenciar o Carnaval da Guiné-Bissau."
Por:Miguel Martins
Conosaba/rfi.fr/pt
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