Este pequeno texto, não pretende aprofundar as discussões sobre a literatura guineense, é uma breve reflexão sobre a influência da literatura na narração histórica da nação e sua importância para a construção de uma “identidade nacional”.
Desde as primeiras letras, a Literatura Guineense emergiu como voz de protesto e de reivindicação. Ela ocupa um movimento que entrelaça a vida social com a ficção, ou melhor, esta literatura ficcionaliza a realidade, sem deixar de perder a estética da criação literária e seus encantamentos poéticos.
O valor da história é inegociável, por isso é válido ressaltar que a literatura não pretende ocupar o lugar da história. No âmbito da historiografia da Guiné-Bissau, a literatura, desde o período colonial, ocupou um lugar de (re)escrita da memória coletiva de seu povo, avançando, para o que chamamos período pós-colonial – lido aqui como após a colonização portuguesa – ela continua a tecer registros historiográficos do país, contribuindo para a ressignificação da Guiné pós-independência e a construção de uma identidade nacional, a partir do hibridismo cultural.
Um ponto intrigante é a dificuldade de acesso às produções literárias, por parte dos próprios guineenses, isto, devido a uma baixa difusão material da literatura e obviamente, aos fatores socioeconômicos que impedem o acesso a tais produções e dificultam a disponibilização em massa.
Mas como subverter essa lógica? Se compararmos a atualidade com duas décadas atrás, veremos que houveram significativos avanços no âmbito, e ainda estão acontecendo. Os guineenses, por meio da tecnologia, têm conseguido, em menor escala (ainda) acessar algumas obras de escritores nacionais, sobretudo no que tange a digitalização desses documentos.
A literatura produzida na Guiné-Bissau está conectada com a história e a sociologia, sem que ambas percam o seu lugar. É através desta intersecção de áreas que se tem realizado o movimento de (re)escrita da nação por meio da arte. E mais uma vez, é necessário elucidar que a literatura existe por si própria, as relações que estabelece com outras formas do pensamento crítico, não elide o seu papel e a sua subjetividade.
Quando se analisa uma obra literária e percebe-se que ela está relacionada com a história e cultura de uma dada sociedade, não podemos perder de vista que a ficção pode fazer a mimese da sociedade, mas continua sendo arte, na medida em que o escritor pode transpor a realidade ou modificá-la.
Por: Marcos Vinicius Silva (Mallick)
Licenciado em Letras – Língua Portuguesa
Especialista em Psicopedagogia
Mestrando em Estudos Literários
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