Até à década de 80, o conceito erafazer-se primeiro os negócios e medir os riscos a posteriori. Em face dos maus resultados obtidos,esse conceito foi totalmente invertido,passando-se a medir previamente riscos,antes de se fazer negócio.
Com o forte desenvolvimento da economia da UEMOA,os negócios estão a tornar-se cada vez mais competitivos e a gestão dos riscos continua a estar no epicentro das actividades das instituições financeiras.
O presente artigo pretende verificar, especialmente ao nível da gestão do risco operacional, qual é a posição em que se encontram as instituições financeiras,tendo em conta a adesão dos Bancos guineenses aos Acordos de Basileia II e III e à Revisão do Plano Contabilístico Bancário a 1 de janeiro de 2018.
Impõe-se agora uma maior exigência às actividades financeiras,razão pela qual estão a surgir novas obrigações em termos de gestão de risco,assim comoum maior enfoque na gestão do risco operacional. Esta constatação vem reforçar a célebre frase do famoso economista Paul Getty ‘’onde há dinheiro,há risco’’ justificando assim o surgimento de novas formas de gestão de risco,com maior relevância para a gestão do risco operacional.
À medida que as organizações financeiras evoluem,também aumentam os riscos operacionais. Apesar disso,este tema surgiu apenas nos últimos anos,como uma nova especialidade.
O Orabank acaba de criar um novo serviço do risco operacional logo após a entrada em vigor do novo quadro regulatório, em Janeiro de 2018, e tive a oportunidade de ser nomeado como seu responsável.
Actualmente,estão a surgir diferentes tipos de riscos que podem afectar as instituições financeiras na sua globalidade, e os riscos operacionais afiguram-se não só como os mais devastadores mas também como os mais difíceis de antecipar. O Regulamento de Conformidade decorrentedo Acordo de Basileia II obriga o mercado a avaliar as implicações que esses regulamentos têm sobre os procedimentos e estratégias das instituições.
A gestão do risco operacional é uma das áreas mais complexas e de mais rápido crescimento nas organizações financeiras de hoje. Este fenómeno obriga as instituições à introdução de melhorias nos procedimentos relativamente ao risco operacional e àsua gestão, para uma maior eficáciana avaliação do capital dos bancos.
A actividade bancária guineense, pela sua natureza específica, implica a exposição das instituições a diversos tipos de riscos, sendo este o ponto de partida para uma gestão eficaz de riscos epara a criação de uma estrutura de controlo adequada à dimensão e à complexidade da actividade do Banco, tendo em consideração a natureza e a especificidade dos riscos que a mesma assume ou pretende assumir.
O risco operacional está associado a perdas decorrentes de processos internos inadequados, pessoas e sistemas ou eventos externos.É perceptível que a complexidade das normas para a gestão dos bancos em particular exige mudanças internas,especialmente em termos de qualificação dos recursos disponíveis. O novo Acordo de Basileia II contempla aspectos relativosà gestão do risco operacional. A pesquisa foi feita numa amostra de cinco bancos existentes na Guiné-Bissau.
Esta pesquisa tem como objectivo analisar e verificar a aplicabilidade do Acordo de Basileia II ao sistema bancário guineense,tendo em conta a perspectiva da gestão do risco operacional e a sua relevância para a avaliação dos processos institucionais. Depois da pesquisa que fiz cheguei à conclusão que os cinco bancos não têm o conhecimento do Acordo de Basileia II, e muito menos a competência para a gestão do risco operacional, elevando a vulnerabilidade de todo o sistema bancário.
Uma Gestão de Risco Operacional eficiente é uma vantagem competitiva decisiva. Ela ajuda a manter a estabilidade e a continuidadedas receitas e dos lucros.
Numa perspectiva microeconómica, as abordagens realistas sobre a gestão dos riscos e dos níveis de capitalização contribuirão positivamente para a estabilidade financeira. Numa perspectiva macroeconómica, o contributo para a estabilidade financeira dependerá do alcance geográfico do novo enquadramento normativo (risco operacional e de mercado), incentivando uma gestão prudente, envolvendo as autoridades de supervisão (BCEAO, e Comissão Bancária), instituições,analistas de mercados, consultores, entre outros na discussão do seu desempenho regulamentar.
Os riscos hoje são mais variados e a cada dia que passa poderemos ser surpreendidos por eventos incertos. Sabemos que a fragilidade do nosso sistema bancário interfere e ameaça a estabilidade financeira e temos vários exemplos. As instituições quando definem a sua estratégia e plano de negócios têm que garantir que têm todos os mecanismos desenvolvidos para se defenderem dos efeitos hostis dos riscos intrínsecos à sua actividade.
O Banco Central Europeu e a Reserva Federal Americana consideram a GUINÉ-BISSAU como um país de alto risco. Isto levoua que os níveis de risco aumentassemem todas as vertentes, e esses riscos têm que ser mitigados, a bem do país.
Encontro-me em Lomé, no Togo assistir a Conferência sobre a Gestão do Risco Operacional.
Lomé 27/06/2018.
Mestre : Aliu Soares Cassamá
Sem comentários:
Enviar um comentário