A indústria é um sector fundamental para o desenvolvimento económico. Nesse sentido, afigura-se necessário promover uma política industrial activa e adequada às necessidades da nossa economia.
Durante muito tempo, os homens de negócios ficaram acantonados ao comércio por ser mais fácil: Import/Export, ganha-se rápido mas não se desenvolve um país. Para que um país se desenvolva temos que produzir aquilo que consumimos, e consumir aquilo que produzimos.
É preciso inverter a situação de dependência das importações em bens e serviços, em quantidades passíveis de serem produzidas no país. No curto prazo, provavelmente, muitos bens e serviços vão continuar a ser importados, o que não viabiliza o processo de industrialização.
Parte considerável dos bens e serviços a que os guineenses têm acesso é ainda proveniente do exterior, numa altura em que é necessário enveredar por um processo de aquecimento da indústria pelas mais variadas razões. Temos de garantir a segurança alimentar como factor importante para garantir a estabilidade política e social, que se reduzam gradualmente os níveis de vulnerabilidade em que se encontra a nossa economia, sobretudo quando se trata de bens e serviços que a Guiné-Bissau pode produzir e prestar.
Um país não se desenvolve sem a industrialização. É verdade que existem muitos handicaps. À cabeça, a energia. Um país para desenvolver precisa da energia. Mas não temos energia eficiente. E se as empresas devem funcionar com base em grupos geradores, como são habitualmente apelidados aqui na Guiné-Bissau, elas não serão nunca concorrenciais pois esse factor encarece muito os custos operacionais da actividade industrial.
Antes porém, a palavra derivada de industrialização significa actividade baseada na transformação de matéria-prima em produtos, pela via da maquinaria, de tecnologia, e do homem, entendida como um processo que leva o país a transformar a maior parte dos recursos naturais disponíveis. A Guiné-Bissau não dispõe de uma zona industrial reservada exclusivamente à transformação dos produtos locais o que condiciona a prática de industrialização. Recorda-se que as maiores economias do continente Africano são economias cujos processos são assentes na economia industrial.
O facto da indústria constituir o sector mais permeável a incorporação de tecnologia em grandes doses e ser o mais veloz na inovação concorrencial na conquista de mercado obriga-nos a concentrarmo-nos neste segmento que poderá fazer disparar a nossa economia.
Nota-se que nos últimos tempos tem-se constatado a construção de infra-estruturas e consequentemente também materiais de construção tanto metálicos como não metálicos.
Na actualidade a maioria dos materiais necessários para a indústria de construção e obras públicas na Guiné-Bissau são importados.
Dados actuais demonstram que a produção industrial tem pouco peso na criação da nossa riqueza ou seja no nosso Produto interno bruto (PIB).
Para que este sector ocupe um lugar cimeiro nas estatísticas de produção industrial o governo deve fazer investimentos estruturantes e relevantes em todos os sectores:
Sectores Estratégicos:
ü Hortofrutícolas e Fruteiras: que compreende a fabricação de sumos de frutos e hortícolas uma vez que a Guiné dispõe de manga, banana, caju, limão, laranja, etc… esta fileira apresenta obviamente uma forte ligação à actividade agrícola e tem grande potencial.
Além de fazer face numa primeira fase, às necessidades do mercado interno, consolidando uma oferta em quantidade e em qualidade, a indústria desta fileira dará um contributo significativo para a redução de importação.
Transformação da castanha de caju internamente o que irá rentabilizar e potenciar o nosso crescimento económico.
No caso das Pequenas e médias Empresas torna-se importante pensar na disseminação das incubadoras de empresas e na criação de centros de inovação e excelência para capacitar os empresários nacionais, no sentido destes terem boa participação no desenvolvimento industrial.
Não podemos pensar apenas em crescimento industrial com grandes empresas, temos que pensar essencialmente em micro, pequenas e médias empresas. Segundo a investigação que fiz junto ao Centro de Formalização de Empresas, a entidade sob a tutela da Secretaria de Estado do Plano e Integração Regional (SEPIR), actualmente na Guiné-Bissau são 3.335 empresas legalizadas, sendo 284 Sociedade Anónima (SA), e 3.051 Sociedade Anónima de Responsabilidade Limitada (SARL).
Se a Guiné-Bissau quer ter as rédeas do crescimento económico no sector industrial, uma vez que não temos a tradição de industriais, temos que pensar em políticas para apoiar as pequenas e médias empresas e fomentar o surgimento de mais.
Neste momento, o cenário de exportação em grande escala não é visível devido à possibilidade de fazê-lo só com a castanha de caju e recentemente também com a batata-doce. A maior dificuldade reside na falta de indústria, na falta de cadeias de valor, de tecnologia avançada.
Depois de melhorarmos o nosso sistema industrial poderemos exportar mais produtos, depois de satisfazer o mercado nacional.
Mestre : Aliu Soares Cassama
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