"Há muita precariedade, há uma situação de extrema pobreza, há situação de indignidade e teremos de continuar a trabalhar", declarou o primeiro-ministro cabo-verdiano, sobre a situação vivida por muitos compatriotas em São Tomé.
Praia - O primeiro-ministro de Cabo Verde, José Maria Neves, concorda com a opinião dos investigadores da Universidade de Santiago (US), segundo a qual os emigrantes cabo-verdianos e seus descendentes em São Tomé e Príncipe (STP) passam por situações de "extrema pobreza".
Segundo José Maria Neves, o Governo cabo-verdiano está a trabalhar neste assunto, que considera ser "extraordinariamente complexo".
"Há muita precariedade, há uma situação de extrema pobreza, há situação de indignidade e teremos de continuar a trabalhar, mas não isoladamente, porque há a necessidade também de envolvermos outros governos nesta matéria que é muito sensível", afirmou, citado pela agência Inforpress.
No entender do primeiro-ministro, esta questão "não foi devidamente acautelada" no momento das independências, mas agora é preciso envolver, de um lado, o Governo cabo-verdiano e o Governo de São Tomé e Príncipe, e do outro lado, os dois governos e o Governo de Portugal.
"Já tomámos um conjunto de medidas, demos uma pensão complementar que ainda é irrisória e que vamos aumentar nos próximos anos, mas também resolvemos a situação de pessoas que tinham feito os descontos desde a época colonial e que não tinham recebido a devida contrapartida, pagando-as com juros e correcção monetária dos depósitos que tinham feito desde a época dos contractos coloniais", informou.
A situação da comunidade cabo-verdiana e seus descendentes em STP foi revelada esta semana pelo professor e investigador da Universidade de Santiago (US), Nardi Sousa, que, fazendo dupla com o seu colega Elias Moniz, também docente na US, está a desenvolver um trabalho intitulado "Direitos Humanos e Cidadania dos Imigrantes em Cabo Verde e São Tomé e Príncipe: um estudo comparado".
De acordo com o mesmo investigador, na deslocação que fizeram àquele país no âmbito deste trabalho, depararam com cabo-verdianos que foram desde a época da colonização como contratados, para trabalharem nas roças, e que ainda vivem no mesmo sítio, mas em condições "muito limitadas", pois muitos não têm sequer acesso à energia eléctrica, à água potável ou às novas tecnologias de informação e comunicação.
africa21digital
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