Migrantes de África subsariana resgatados junto do litoral de Sfax, na Tunísia, no dia 4 de Outubro de 2022. © Fethi Belaid / AFP
Os dirigentes dos 9 países europeus banhados pelo Mediterrâneo reúnem-se hoje em Malta para tentar acertar posições sobre uma eventual resposta europeia comum em matéria de acolhimento dos migrantes. Esta reunião acontece numa altura em que a Unicef acaba de dar conta de um aumento substancial do número de migrantes que morreram durante a travessia do mar Mediterrâneo, qualificado de "cemitério para crianças".
De acordo com os dados divulgados nesta sexta-feira pela Unicef, pelo menos 990 pessoas naufragaram no mar Mediterrâneo entre Junho e Agosto deste ano, ou seja três vezes mais do que os 334 que morreram no mesmo período em 2022.
Apesar de a Unicef não dispor de dados sobre o número exacto de crianças entre as vítimas, esta agência onusiana não deixa de referir que morreu uma dezena de crianças por semana no passado mês de Julho durante a travessia daquela que é considerada a rota marítima mais perigosa do mundo.
A Unicef indica também que uns 11.600 menores não acompanhados tentaram atravessar o Mediterrâneo rumo à Itália entre Janeiro e meados de Setembro deste ano, ou seja 60% a mais do que em 2022 no mesmo período, sendo que é "a guerra, os conflitos, a violência e pobreza" que obrigam as crianças "a fugirem sozinhas do seu país de origem".
Ao reclamar "uma resposta à escala europeia para apoiar as crianças e as famílias", a agência onusiana considerou que "o Mediterrâneo se tornou um cemitério para as crianças e o seu futuro" e que "o balanço trágico das crianças que morreram a tentar obter asilo e segurança na Europa resulta de escolhas políticas e de um sistema migratório que falharam".
Declarações que coincidem com a reunião hoje em Malta dos 9 países europeus banhados pelo Mediterrâneo no sentido de tentarem alcançar consensos, após três anos de desentendimentos sobre um projecto de reforma da política migratória europeia. Em cima da mesa desde 2020, este projecto prevê nomeadamente um reforço das fronteiras externas da união europeia e igualmente um mecanismo de solidariedade entre os 27 no acolhimento dos migrantes.
Por: Liliana Henriques
Conosaba/rfi.fr/pt/
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