quarta-feira, 27 de setembro de 2023

Baunilha de São Tomé e Príncipe "desperta interesse" de chefs de cozinha franceses

A baunilha é uma cultura crescente em São Tomé e Príncipe. © Flickr
A baunilha de São Tomé e Príncipe, transformada pela empresa Vanilha, recebeu em 2022 e 2023 a medalha de ouro da competição da Agência Para a Valorização de Produtos Agrícolas, que se realiza em Paris, sendo actualmente escolhida por chefs estrelados franceses para as suas receitas. Cada vez mais agricultores são-tomenses estão a optar por esta cultura face à quase mono-cultura do cacau.

O cacau de São Tomé e Príncipe já é um produto do arquipélago reconhecido em todo o Mundo. E agora é a baunilha que está a fazer o seu caminho. Introduzida no início do século XIX no país, a baunilha de São Tomé e Príncipe foi reconhecida nos dois últimos anos com a medalha de ouro na competição Paris Gourmet, com a empresa Vanilha a trabalhar desde 2018 no país para promover o cultivo da baunilha, fazendo depois a transformação no seu atelier.

"Fiquei fascinado pela baunilha e achei que era uma fileira que podia ser redinamizada e podia ajudar os agricultores a sair da hegemonia do cacau, que é um produto de excelência, mas limita os agricultores a uma cultura só. Começa a ter expressão e acreditamos que nos próximos anos São Tomé vai ter mais produção ainda de baunilha", explicou Francesco Mai, co-fundador da empresa Vanilha em entrevista à RFI.

Até agora, apesar de se ter tentado relançar esta cultura nos anos 80, a baunilha era apenas utilizada no arquipélago como um ingrediente para as bebidas alcoolicas caseiras. Através da formação e acompanhamento, Franscesco descreve que de quatro agricultores em 2018, trabalham agora com cerca de 50.

"Os agricultores que aderem ao nosso projecto têm um bom preço de venda do produto bruto e depois cabe a nós a parte da transformação. Todos os agricultores que trabalham connosco recebem uma visita de doze em doze dias e promovemos formações agronómicas, temos manuais para que sigam os padrões que pretendemos em plantação, temos pré-financiamento da colheita e isto ajuda a ter melhor trabalho de plantação", explicou.

Com um espaço de produção limitado e sem a denominação de baunilha de Bourbon, uma baunilha que apenas pode ser produzida em Madagáscar, Reunião, Seicheles, Ilhas Maurícias e Comores, a baunilha produzida pela Vanilha segue o método da ilha da Reunião e prima pela qualidade.

"As análises à nossa baunilha em teor de vanolina que é a principal molecula que dá o aroma à baunilha é extremamente elevado, muito acima da média, mas o que nos deixa também satisfeitos são os cozinheiros que aceitam trabalhar com a nossa baunilha. A baunilha é como o vinho, não são todas iguais. O nosso perfil aromático é bastante peculiar e tem vindo a despertar algum interesse na culinária", declarou Francesco Mai.

Um dos principais clientes desta baunilha é o chef Olivier Roellinger, que detém não só um restaurante com duas estrelas Michelin, mas também um império de especiarias, a Épices Roellinger, que vende esta iguaria vinda do arquipélago.

Actualmente, a Vanilha tem vários agricultores que já começaram a produzir baunilha havendo uma espera de três anos até se poder fazer a primeira colheita. Em 2022, a empresa recolheu quase uma tonelada de baunilha fresca, que se traduz em cerca de 190 quilos de baunilha tratada e pronta a exportar, com o principal mercado de exploração a ser a França.
Por: Catarina Falcão
Conosaba/rfi.fr/pt/

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