O Presidente da República da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló, afirmou que não é amigo do Presidente de Angola, João Lourenço, mas admitiu que falam normalmente e têm os seus canais de comunicação.
O chefe de Estado guineense fez essas afirmações em declarações aos jornalistas no aeroporto internacional Osvaldo Vieira de Bissau esta terça-feira, 15 de junho de 2021, em resposta à questão sobre a suposta recusa das autoridades angolanas em credenciar a embaixadora da Guiné-Bissau nomeada por ele. Embaló escusou-se comentar as declarações do líder da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), Adalberto Costa, que acusou o governo angolano de negar acreditação da nova diplomata guineense em Luanda.
Umaro Sissoco Embaló deslocou-se hoje para o Príncipe, capital de São Tomé e Príncipe, para uma visita oficial de três dias, com o intuito de reforçar os laços de amizade e cooperação entre os dois países. Depois da estadia em São Tomé, o chefe de Estado prossegue viagem na próxima sexta-feira, 18 de junho, para a Acra (Gana), onde participará na reunião ordinária da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO).
Sobre a crise diplomática relatada pela imprensa internacional entre Bissau e Luanda, o Presidente Umaro Sissoco Embaló disse que no que concerne à situação da recusa ou não da acreditação da nova diplomata guineense pelas autoridades angolas seria bom interpelar o ministério dos Negócios Estrangeiros, da Cooperação Internacional e das Comunidades que responde sobre o assunto.
“O que posso dizer é que existe um respeito muito grande jamais visto entre os dois chefes de Estado da Guiné-Bissau e de Angola! A Guiné-Bissau não é a mesma que anos anteriores, contudo, tenho muito respeito por todos os chefes de Estado que me precederam, mas estou a usar uma metodologia agora diferente. Para mim não existe Estado pequeno, todos os Estados são iguais. Um dos exemplos é Cabo Verde, que para além de São Tomé e Príncipe, é um país mais pequeno geograficamente, mas está a presidir a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) diante do Brasil, Angola, Moçambique e Portugal…”, referiu.
Embaló afirmou que a Guiné-Bissau não é um partido-Estado. O Estado está acima dos partidos, como acontece noutros países em que o partido está acima do Estado. O Presidente da República pediu às pessoas a abastecerem de falar daquilo que não sabem, tendo revelado que ele é Presidente Lourenço falam sempre e que têm os seus canais de comunicação.
Relativamente à visita de três dias que o leva a São Tomé e Príncipe, explicou que a viagem visa retribuir a visita que o seu homólogo são-tomense fez à Guiné-Bissau em maio último. E acrescentou que a visita insere-se no quadro da relação de amizade e cooperação entre os dois países.
“Nós sempre privilegiamos a lusofonia, porque podemos estar noutras organizações sub-regionais e regionais, mas sempre pertencemos à comunidade lusófona antes de outras organizações, como a CEDEAO e a União Africana”, ressalvou.
Solicitado a pronunciar-se sobre a venda de passaportes diplomáticos denunciada pela imprensa francesa, o chefe de Estado disse que na Guiné-Bissau todo o assunto é politizado de má-fé. Esclareceu que o jornal francês referiu que a venda dos passaportes acontecia em 2017 e 2018 e que a notícia não se trata do momento atual.
“Guiné-Bissau não é um país que vende passaportes. O Jornal não referiu que a Guiné-Bissau vende passaportes, mas, diz que os cidadãos malianos é que vendiam os passaportes guineenses. E tenho reservas se os passaportes diplomáticos dos Estados Unidos custariam 50 mil dólares. Se fosse verdade, creio que muitos países venderiam os seus passaportes. É bom que as pessoas deixem de fazer a política de baixo nível e compreendam que a Guiné-Bissau mudou e mesmo se Umaro Sissoco Embaló deixar o poder virá outro Umaro Sissoco Embaló”, assegurou.
Por: Assana Sambú
Conosaba/odemocratagb
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