O homem acusado de ter baleado mortalmente o ator Bruno Candé, em julho do ano passado numa rua de Moscavide, foi condenado, esta segunda-feira, a 22 anos e nove meses de prisão, pelo tribunal de Loures, que deu como provada a motivação racial.
Evaristo Marinho, de 76 anos, era acusado do crime de homicídio qualificado de Bruno Candé, baleado em Moscavide, no concelho de Loures (Lisboa), em 25 de julho de 2020, crime que é agravado por ódio racial.
Segundo o despacho do Ministério Público (MP), a que a agência Lusa teve acesso, o arguido afirmou durante uma discussão com a vítima, em 22 de julho de 2020, entre outros impropérios: "Vai para a tua terra, preto! Tens toda a família na senzala e devias também lá estar!".
Durante a discussão, na via pública, o arguido levantou a bengala em direção ao ator Bruno Candé, ameaçando-o de morte e fazendo referência à cor do cidadão, segundo o MP.
De seguida, refere o MP, Bruno Candé entrou num veículo, tendo o arguido ainda gritado "tenho lá armas em casa do Ultramar e vou-te matar".
Nos dias seguintes, o arguido passou diversas vezes na mesma rua com uma pistola calibre 7,65 milímetros, esperando voltar a encontrar a vítima, que habitualmente passeava a cadela no local.
Nas alegações finais, o MP pediu uma pena não inferior a 22 anos de prisão efetiva para o arguido.
De acordo com o Ministério Público, os "factos são extremamente graves" e o arguido terá tirado a vida de Bruno Candé "de uma forma fria".
O MP alertou ainda para a postura do arguido que, durante as sessões de julgamento, demonstrou "indiferença" relativamente ao crime.
Conosaba/Lusa
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