A DIÁSPORA FATIGUÉ E O HONÓRIO BARRETO, ALIMENTADOS POR UM NEOCOLONIALISMO BACOCO.
Um ano depois, ainda existe uma certa “diáspora fatigué”, crente no regresso do messias que salvará o elitismo perdido e permitir o fácil acesso ao erário público com base no facto de se ser da praça, de possuir determinados apelidos, no fato que se veste, no brilho do sapato e no sotaque abacalhoado com que se intruja os outros, fazendo o uso do instrumento que um dia serviu para nos classificar em civilizados e djintius, a língua de Camões...
Quarenta e sete anos depois do seu assassinato, muitos guineenses, inclusive alguns familiares diretos e outros que um dia com ele privaram, entenderam pouco ou nada da causa que motivou Cabral a entregar o bem mais supremo que possuía, a sua vida... Cabral deixou registos claros de que daria toda a sua energia e capacidade intelectual, até a sua própria vida, para a verdadeira e total libertação do homem guineense, do Porto de Pindjiguiti ao interior de Boé, da Praça de Império aos confins de Contuboel...
Quem ainda não se libertou do complexo do colonizado e quem ainda usa o tribalismo para atingir os seus fins políticos, não entendeu porque outros entregaram a juventude e a própria vida, para travar uma luta armada.
A Guiné-Bissau é dos guineenses e para os guineenses. Sugestões de fora são bem-vindas, desde que sejam dirigidas ao desenvolvimento da Guiné-Bissau e a melhoria da condição de vida dos guineenses.
É uma utopia tentarem utilizar, desde fora, o nosso mosaico étnico para nos dividir. Essa é a base da nossa riqueza cultural. Séculos de convivência promoveu uma tal miscigenação entre as tribos guineenses que não deixa brechas à introdução de graves conflitos entre etnias na Guiné-Bissau. A tentativa de Ruandização da Guiné-Bissau, para se colher frutos desde o exterior, não passa de uma utopia!
Governos de inclusão desenhados de fora para dentro, não é solução para a Guiné-Bissau, pelo contrário, é apenas uma forma de prolongar o conflito político... Existe um governo sustentado pela ANP (o legítimo representante do povo) que aprovou o seu programa e existe um Presidente da República sufragado nas urnas. Esses dois órgãos têm, neste momento, toda a legitimidade para desenhar o modelo da governação e o caminho para onde querem conduzir o país... Aceita-se o exercício de uma oposição interna responsável e com base nos valores democráticos, mas não a permanente tentativa de desestabilização e asfixia económica do país, através de instituições estrangeiras ou com responsabilidades internacionais, com o único objetivo de defender os interesses de um candidato derrotado e do lobbie que o financia...
Diferentemente da abertura do executivo para integrar quadros independentes ou comprovadamente descomprometidos com a luta partidária e de capacidade técnica reconhecida, é tentar impor soluções partidárias para um governo supostamente de inclusão, que nada mais é que a introdução de fissuras e conflitos dentro de um executivo que se pretende coeso, para a procura da rota do desenvolvimento do país...
Jorge Herbert
Sem comentários:
Enviar um comentário