Confesso que sentia alguma curiosidade em ler “Desilusão”.
Depois da agradável sensação de descobrir as qualidades de romancista de Geraldo Martins em “Mil Pedaços de Amor”, acreditei que “Desilusão” não me iria desiludir.
Bem estruturado, linguagem simples, objectiva,arejada, desprovida de questões técnicas e conceitos abstractos, o autor apresenta em cento e quarenta e três páginas, a sua visão enquanto actor político interveniente na última grande crise da nação guineense.
Os quês e porquês de uma crise nacional, na primeira pessoa. Alguém que a viveu e que decidiu de uma forma aberta, linear e corajosa, expô-la.
Um livro que deverá ser lido, entendido e discutido, por todos os que fazem e querem fazer parte da política guineense.
Um livro sobre os meandros da última legislatura, e que deveria chegar ao grande público, ao povo em geral, pese embora seja uma versão pessoal, mas que, ainda assim, serviria para uma análise, discussão e contraditório, tão necessários na vida política e social da Guiné-Bissau.
Existe um facto que me parece inegável. Infelizmente o título assenta como uma luva no sentimento de quase dois milhões de guineenses...."DESILUSÃO".
Relevo dois parágrafos do livro que urge pensar e reflectir:
“A Guiné-Bissau é um país com uma biodiversidade excepcional e um capital natural impar. Constituído por uma parte continental e outra insular, o país é formado por 88 ilhas que constituem o arquipélago dos Bijagós, e um território marítimo com uma superfície três vezes maior do que a parte continental.”
“Vivemos infelizmente numa espécie de selva política, onde não só a ética deixou de existir, como também os valores e os princípios fundamentais da convivência societária estão invertidos”.
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