Milhares de guineenses marcharam em protesto contra o recenseamento eleitoral para as legislativas de 18 de novembro na Guiné-Bissau na principal avenida da capital guineense.
O protesto foi organizado por 22 partidos sem assento parlamentar e pelo Partido de Renovação Social (PRS), segundo maior força partidária da Guiné-Bissau e que faz parte do atual Governo de consenso, a que juntou o movimento do Botche Candé, antigo ministro do Interior e atual conselheiro do Presidente do país, José Mário Vaz.
O protesto, que começou cerca das 11:00 e terminou já depois das 13:00, percorreu a Avenida dos Combatentes da Liberdade da Pátria entre a sede do PRS e o Palácio do Governo.
“Estamos a exigir que as coisas sejam claras para que possamos ter umas eleições livres, justas, transparentes e universalmente aceites”, afirmou Orlando Viegas, vice-presidente do PRS.
Segundo Orlando Viegas, o que está a ser também exigido é a participação de todos no processo eleitoral.
“Para que o recenseamento seja feito é só cumprir aquilo que está plasmado na lei”, salientou.
Nuno Nabian, presidente da APU-PDGB (Assembleia do Povo Unido – Partido Democrático da Guiné-Bissau), exigiu um recenseamento que cumpra a lei eleitoral, salientando que sempre foram coerentes nas suas posições.
“A APU está aqui para dizer ao Governo para cumprir com os preceitos da lei do recenseamento e da lei eleitoral”, afirmou,
Questionado sobre se a APU vai pedir a nulidade do processo eleitoral, Nuno Nabian, que nas últimas presidenciais ficou em segundo lugar, disse que sim, porque o “processo não é credível”.
“Os cartões eleitorais não têm fiabilidade”, afirmou, acrescentando que não se pode ir para eleições com cartões que qualquer um pode fabricar.
Braima Camará, que faz parte do grupo de dissidentes do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) e criou recentemente o Madem-G15, afirmou que o protesto tem como objetivo chamar “à responsabilidade as instituições e o Governo da Guiné-Bissau”.
“Estamos só a pedir justiça e cumprimento escrupuloso da lei da República, da lei do recenseamento e da lei eleitoral”, disse.
O processo eleitoral para as legislativas tem sido fortemente criticado também pela sociedade civil, que já pediu o adiamento das eleições.
Em causa está, essencialmente, o recenseamento eleitoral que não decorreu entre 23 de agosto e 23 de setembro, como previsto, devido a atrasos na chegada dos equipamentos para recenseamento biométrico.
A Nigéria é que teve de avançar com a doação de 350 kits para recenseamento eleitoral, mas, até ao momento, só chegaram ao país 150.
O recenseamento acabou por ter início a 20 de setembro e, segundo o Governo, deveriater terminado no sábado.
Na quarta-feira, a ministra da Administração Territorial, Ester Fernandes, disse que o recenseamento iria decorrer no prazo previsto por lei, que é de 60 dias, ou seja, deverá terminar a 20 de novembro, dois dias depois da data prevista para as legislativas, que poderão vir a ser adiadas.
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